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INTRODUÇÃO À TESE
Como fonte de pesquisa secundária , mas de primeira
importância, as leituras da trilogia de Manuel Castells , que
tem o prólogo de nosso presidente da República , Fernando
Henrique Cardoso.Os livros são : " A sociedade em rede"
, " Fim de Milênio" e " O poder da identidade". Espero que gostem da leitura e que esta possa aduzir algo às suas vidas.
PANORAMA ECONOMICO 1. A Nova Economia 1.1. Os Empreendedores 1.1.1. Ambiente Físico 1.2. Conflitos 1.2.1. Modernismo 2. Política Econômica 2.1. União Européia 2.2.1. Distribuição
da Renda 2.3. Globalização 2.3.1. Conseqüência no
Urbanismo CAPÍTULO II CYBERESPAÇO 1. Definição 2. Estrutura 3. Hipóteses 4. Castells e Hall 4.1. Revoluções Econômicas 5. Vale do Silício 5.1. A Cultura 6. Reindustrialização de Alta Tecnologia 7. Cidades de Ciência 7.1. AKADEMGORODOK 7.1.1. Planejamento da Cidade 7.2. TAEDOK - SOUTH KOREA 7.2.1. A Visão da Realidade 7.3. TSUKUBA - JAPÃO 8. Parques Tecnológicos - Induzindo a um novo Espaço Industrial 8.1. SOPHIA-ANTIPOLIS 9. Metrópoles Como Milieu Inovativo 9.1. LONDON Resumo/Abstract 1. Introdução Na visão Kantiana o espaço e o tempo existem sem existir o objeto, mas o objeto só existe dentro do espaço e do tempo. As variáveis espaciais na composição de um sistema objetivo e lógico, relacionados às variáveis econômicas, sociais, históricas e políticas, estão presentes em nosso dia a dia, no trabalho, educação, recuperação e repouso. Uma organização sem lógica está propensa a desperdícios, afetando negativamente sua eficiência, causando um mal aproveitamento de tempo, espaço e recursos materiais e naturais. A abordagem à indústria justifica-se pela sua infra-estrutura e predomínio na questão espacial das cidades, participando de forma ativa no desenvolvimento de tecnologia, utilizando informações para obter lucro e desencadear um processo informal contínuo, agregando valores e empregando milhões de pessoas, direta ou indiretamente. 2. Objeto O objeto aqui apresentado é o estudo do espaço edificado e territorial das regiões do globo, partindo de exemplos de "tecnopolos" na Europa, Ásia, Estados Unidos e Brasil; justificado pela crescente importância da informação no quotidiano das pessoas e das empresas, e no estreitamento de suas relações bem como pelas modificações que produzem em nossos costumes no espaço. 3. Objetivo Como objetivo primordial, o estudo visa analisar as transformações tecnológicas nos transportes e comunicações ocorridas após a Segunda Guerra Mundial, avaliando o impacto destas transformações na organização territorial; abordando o conceito de flexibilização do espaço adequado às novas mudanças, com as contribuições da arquitetura e do urbanismo na geração de novos recursos para a melhoria da qualidade de vida, e aquela da indústria da tecnologia do século XXI que modifica o espaço de suas empresas tanto quanto a sua produção e a própria tecnologia. 4. Metodologia Baseada em um estudo detalhado a partir de informações secundárias, conforme bibliografia, além da pesquisa ao "tecnopolo" da Universidade de São Paulo, com projeções e simulações de cenário com uma projeção para vinte anos. 5. Cronograma
PANORAMA ECONOMICO 3. A Nova Economia 3.1. Os Empreendedores 3.1.1. Ambiente Físico 3.2. Conflitos 3.2.1. Modernismo 4. Política Econômica 4.1. União Européia 4.2.1. Distribuição
da Renda 4.3. Globalização 4.3.1. Conseqüência no
Urbanismo CAPÍTULO II CYBERESPAÇO 1. Definição 2. Estrutura 3. Hipóteses 4. Castells e Hall 4.1.Revoluções Econômicas 5. Vale do Silício 5.1. A Cultura 6. Reindustrialização de Alta Tecnologia 7. Cidades de Ciência 7.1. AKADEMGORODOK 7.1.1. Planejamento da Cidade 7.2. TAEDOK - SOUTH KOREA 7.2.1. A Visão da Realidade 7.3. TSUKUBA - JAPÃO 8. Parques Tecnológicos - Induzindo a um novo Espaço Industrial 8.1. SOPHIA-ANTIPOLIS 9. Metrópoles Como Milieu Inovativo 9.1. LONDON Capítulo 1 Panorama econômico 1. A nova economia Segundo Lester C. Thurow, em "A Construção da Riqueza", seis novas tecnologias: microeletrônica, computadores, telecomunicações, robótica e biotecnologia, juntas estão formando a base de uma nova economia que vai aos poucos substituindo os parâmetros da economia tradicional. Economia esta que se baseia no conhecimento. Vivemos uma época de grandes transformações econômicas, semelhante, talvez, à da Revolução Industrial, com a passagem de uma economia estritamente agrária para uma industrial. Apesar de muitos inventos terem sido projetados no Renascimento, foi com surgimento, do motor à vapor no século XVIII e da eletricidade no século XIX que tornaram-se possíveis na prática. Provocando a primeira e a Segunda Revolução Industrial. No final do século XIX com
o desenvolvimento da indústria e as pesquisas, surgem novos setores:
o alumínio, o telefone, o metrô; transformando a economia
local em economia nacional. A Segunda Grande Guerra trouxe novos avanços tecnológicos. Hoje presenciamos o surgimento de uma Terceira Revolução Industrial, baseada na microeletrônica, nos computadores, materiais sintéticos, robótica, telecomunicações e biotecnologia. A microeletrônica viabiliza os Lasers para as linhas troncos das telecomunicações, as microcirurgias, o CD, o DVD; alterando assim a qualidade dos produtos e serviços oferecidos ao mercado. Mas esta nova economia é marcada por uma grande volatilidade. Como os fortes expulsavam os fracos das áreas mais férteis do planeta para terras pouco férteis e desertos, nesta nova economia, a chamada globalização não trará efeitos positivos a todos. A riqueza terá de ser construída dentro de uma economia global, que não estará funcionando calmamente e que irá de tempos em tempos produzir tempestades econômicas completamente inesperadas, como a que atingiu a Ásia em 1997. A crise política mundial cria problemas de êxodos provocados pelas guerras e pela fome, acentuando os problemas da imigração ilegal. Em contrapartida, o poder das grandes empresas aumentam, fortalecendo seu poder de barganha contra os trabalhadores, por salários mais baixos e contra o Governo, por impostos menores. No século XX a liderança econômica tornou-se uma questão de investimento sistemático em P&D. Para alavancar esta possibilidade sistemas educacionais tiveram que ser revistos e os EUA, por estabelecer mudanças mais prontamente, adaptou-se à nova realidade, tornando-se líderes nessa nova economia. A eletricidade e os avanços na infra-estrutura permitiram aglomerações maiores de pessoas em cidades e assim pequenos mercados se transformaram em grandes mercados nacionais. 1.1. Os empreendedores Novas tecnologias são usadas para transformar velhos setores, reduzindo custos e aumentando sua lucratividade; com isso, antigas empresas precisariam se auto destruir, mas não o fazem e têm grandes custos de adaptabilidade, foi o caso da IBM que demorou para entrar no mercado de pequenos computadores. A criação da riqueza, medida pela perspectiva da produtividade da mão-de-obra, está abaixo do normal. A mudança tecnológica, que parecia rápida, na verdade tem sido lenta. Nos últimos 10 anos a produtividade de fator total não cresceu. Muitos benefícios e comodidades foram alcançados. A expectativa média de vida da população mundial cresceu muito, mas seus custos subiram mais que proporcionalmente. As estradas encurtam distâncias, mas congestionamentos fazem-nos passar longas horas em nossos automóveis todos os dias. O lucro das empresas aumentou, mas os salários baixaram. Nos últimos 25 anos, a parcela da riqueza dos 5% mais ricos da população subiu a ponto de estes terem tanta riqueza quanto os 60% mais pobres. A renda da classe média caiu. A mulher tem de trabalhar muito mais tempo para compensar o salário reduzido de seus companheiro. O símbolo desta desproporcionalidade é a remuneração dos CEOs das multinacionais que chegam a ser de 44 a 212 vezes maior que a remuneração média de um trabalhador médio americano de 30 anos. E é uma tendência global. Na Europa as diferenças são menores mas a desproporcionalidade é um fato. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma espécie de clube internacional dos países mais ricos do mundo, aconselha regularmente os Europeus a diminuírem os benefícios sociais. No século XXI temos um cenário em que o auxílio governamental terminou também para as empresas. Elas não podem mais ser protegidas dos concorrentes estrangeiros com tarifas ou cotas. Não podem mais receber subsídios estatais, como o caso da discussão das empresas aeronáuticas Embraer X Bombardier. Se os governos tentam proteger suas empresas em mercados internos, elas são cada vez mais afastadas dos mercados globais; e para a maior parte das empresas os mercados globais são mais importantes que os nacionais. Os empreendedores europeus, que iniciaram a primeira Revolução Industrial, tiveram grande participação na Segunda, mas aparentemente desapareceram na Terceira. A Europa precisa se reinventar para permitir o surgimento de empreendedores. Está em andamento uma intensa mudança tecnológica em qualificações. Uma vantagem competitiva à longo prazo somente poderá ser obtida através da vantagem em qualificações e é nisso que a Europa leva grande vantagem sobre os outros continentes. É mais culturizada que a sociedade americana e mais criativa que a japonesa. Com a derrocada do regime comunista, surge uma grande possibilidade para todo o continente em aproveitar a mão-de-obra mais barata, produzindo para a Europa Ocidental, que por sua vez produziria outro tipo de produtos e investiria na Europa Oriental, alimentando assim o ciclo capitalista e transformando a infra-estrutura do Leste Europeu. 1.1.1. O ambiente físico As pessoas muito ricas podem controlar
o meio ambiente físico e humano à sua volta. As que não
são ricas precisam se adaptar ao meio ambiente. Atualmente temos
o melhor desenvolvimento tecnológico de todos os tempos. Investimentos físicos em fábricas, prédios de escritórios, equipamentos, habitação e infra-estrutura dão forma ao ciclo econômico. O progresso econômico e riqueza são funções diretas do investimento de capital. As grandes civilizações são marcadas por sua disposição em usar e investir em novas ferramentas. Não por acidente os romanos se tornaram conhecidos pelas estradas que construíam. O homem progride com a melhora de suas ferramentas, estabelecendo padrões de vida mais altos. Não há limites para aquilo que se deseja. Os empreendedores são pioneiros na introdução de novas ferramentas. A bússola, o leme e a quilha permitiram aos europeus a descoberta de novas terras e continentes conquistando o mundo ocidental. 1.1.2. O conceito ideológico O projeto da modernidade entrou em foco no século XVIII como um esforço intelectual dos pensadores iluministas. O desenvolvimento de forças racionais de organização social e dos modos racionais de pensamento prometia a liberação da irracionalidade do mito, da religião, da superstição, libertação do uso arbitrário do poder, bem como do lado sombrio da nossa própria personalidade. Abraçou-se a idéia de progresso e buscou-se ativamente a ruptura com a história e a transição para a modernidade pode ser realizada. Os iluministas acolheram o turbilhão da mudança e viram a transitoriedade, o fugidio e o fragmentário como condições necessárias para a realização do projeto modernizador. Para ser útil, o conhecimento precisa estar embutido em ferramentas. Estas tornam possíveis a extração de recursos naturais e a transformação de matéria primas, essenciais à qualidade dos ambientes. Os ambientes e experiências modernos cruzam todas as fronteiras da geografia e das etnias, da classe e da nacionalidade, da religião e da ideologia; neste sentido pode-se dizer que a modernidade une toda a humanidade. Vários autores modernistas tentaram enfrentar a sensação avassaladora de fragmentação, de efêmero e de uma mudança caótica. Temos um processo constante de rupturas e fragmentações. Abundavam doutrinas de igualdade, liberdade, fé na inteligência humana e razão universal. Muitas mudanças, tanto no cenário econômico quanto no físico e geográfico estão por vir. Mas que mudanças serão estas. É o que este estudo procura mostrar, estabelecendo uma tendência e uma dinâmica que traz impactos no meio ambiente, nas cidades e nos edifícios? É aí que o economista e o arquiteto poderão encontrar um vasto campo de atuação. 1.2. Os conflitos A imagem da destruição criativa é muito importante para o entendimento da modernidade. Se buscarmos o eterno e o imutável somos forçados a tentar deixar a nossa marca no caótico, no efêmero, no fragmentário. A imagem Nietzcheniana da destruição criativa e da criação destrutiva estabelece uma ponte entre os dois lados da formulação de Baudelaire de uma nova maneira. Note - se que o economista Schumpeter utilizou o mesmo sistema para compreender os processos de desenvolvimento capitalista. Certamente o maior evento da destruição criativa foi a Segunda Guerra Mundial. Nietzsche deu início ao posicionamento da estética acima da ciência - além do bem e do mal - tornou-se um poderoso meio para o estabelecimento de uma nova mitologia quanto àquilo que o eterno e imutável poderia referir-se em meio à toda a efemeridade, caos e fragmentação patentes da vida moderna. Kant também reconheceu que o juízo estético tinha de ser elaborado independentemente da razão prática. O juízo estético, como nos casos de Heidegger e Pound, podia levar com a mesma facilidade para a direita ou para a esquerda do aspecto político. Segundo Mies Van Der Rohe "a arquitetura é vontade da época concebida em termos espaciais". Surgiram várias modas estéticas: impressionismo, pós-impressionismo, cubismo, fauvismo, surrealismo, expressionismo, etc... Além disso a competição viria a reforçar os processos de destruição criativa. Todos os artistas procuravam mudar as bases do juízo estético. A mídia em geral (livros, fotos, filmes, rádio e TV) mudaram radicalmente as condições materiais da existência dos artistas e portanto seu papel político e social. 1.2.1. O Modernismo O movimento surgiu advindo da urbanização, da fonte de migração para os centros urbanos, da industrialização, da mecanização, da reorganização em grande escala dos ambientes construídos e de movimentos urbanos de base política. Com a crescente necessidade de enfrentar os problemas psicológicos, sociológicos, técnicos, organizacionais e políticos, a urbanização crescente foi um dos canteiros em que floresceram movimentos modernistas. A rápida urbanização provocou uma atitude blasé como reação espontânea aos inúmeros estímulos da vida moderna, pois só assim poderiam ser enfrentados, como se não existissem. Quanto mais nervosa uma época, mais rapidamente mudam as modas, por que a necessidade de atração da diferenciação, um dos agentes essenciais da moda, é acompanhado de perto pelo enlanguescer de energias nervosas. Certas modalidades de modernismo alcançaram uma trajetória particular pelas capitais do mundo, cada qual aparecendo como uma arena cultural de uma espécie particular. A trajetória geográfica de Paris à Berlin, Viena, Londres, Moscow, Chicago e NY podia ser revertida ou reduzida a depender do tipo da prática modernista que se tivesse em mente. Não surpreende que a história do modernismo seja eurocentrada. É importante ter em mente que o modernismo surgido antes da Segunda Grande Guerra era mais uma reação às novas condições de produção (máquina, fábrica, urbanização), de circulação (novos sistemas de transportes e comunicações) e de consumo (a ascensão dos mercados de massa, da publicidade e da moda) do que um pioneiro na produção dessas mudanças. O modernismo entre Guerras pode
ter sido heróico, mas também estava assolado pelo desastre,
como o arquiteto de Hitler, Albert Speer. Era impossível ficar
indiferente à revolução russa, aos movimentos socialistas
e comunistas, ao colapso de economias e governos e à ascensão
do fascismo. Com a ascensão do expressionismo abstrato, a despolitização do modernismo, pressagiou ironicamente sua assimilação pelo "stablishment" político e cultural como arma ideológica da Guerra Fria. O nacionalismo transcende o internacionalismo e chega ao universalismo, colocando um fim ao movimento de 1968 com a subsequente mudança para o Pós-modernismo. 1.2.2. O Pós-modernismo O Pós-modernismo representa uma ruptura com a idéia modernista de que o planejamento e o desenvolvimento devem concentrar-se em planos urbanos de larga escala, sustentados por uma arquitetura altamente despojada. O pós- modernismo cultiva o conceito de tecido urbano como algo necessariamente fragmentado. O pós-moderno encara o espaço como algo independente e autônomo a ser moldado segundo objetivos e princípios estéticos e não necessariamente sociais. O problema é que o modernismo trabalha com o conceito de zoneamento mono funcional, gerando problemas de locomoção e impacto ambiental negativo. Procura-se ao invés disso, comunidades autônomas, completas e finitas. Sem que para que isso se abandone as noções de pleno emprego, habitação decente, previdência social, do bem estar e das amplas oportunidades de construção de um futuro melhor. Na Inglaterra foram tomadas medidas
para eliminar habitações miseráveis e construir
casas, hospitais, fábricas, modulados, através da adoção
de procedimentos de planejamento racional e dos sistemas de construção
industrializada que os arquitetos modernistas há muito haviam
proposto. Projetos desqualificados surgem servindo como negação
ao modernismo. Esses ambientes diversificados surgem através de uma demanda reprimida que nos ajuda a compreender o atual fascínio pelo embelezamento , pela ornamentação e pela decoração como códigos e símbolos de distinção social. 1.2.3. O Nacionalismo Os Estados Unidos e o Japão são nações com forte identidade nacional e muitos de seus cidadãos realmente sentem e expressam um profundo sentimento patriótico. No entanto o Japão é uma nação homogênea e os Estados Unidos são exatamente o contrário. Em ambos os casos o que existe é uma história e um projeto compartilhados . Outras nações e movimentos nacionalistas não atingiram a condição de Estado-Nação moderno (Escócia, Catalunia, Quebec, Curdistão, Palestina, etc.) e ainda assim demonstram uma forte identidade cultural/territorial que se manifesta como uma forma de caráter nacional. Isto se deve principalmente ao fato
do movimento ser uma defesa de uma cultura já institucionalizada
mais do que a construção ou defesa de um Estado. A etnia sempre foi uma fonte fundamental de significado e reconhecimento. Além disso, consiste, em grande parte, na base cultural que induz a formação de redes e a realização de transações lastreadas na confiança no novo mundo dos negócios. As pessoas têm uma relação
forte com o território, socializam-se e interagem em seu ambiente
local, seja ele a vila, a cidade, o subúrbio, formando redes
sociais entre seus vizinhos. Por outro lado, identidades locais entram
em interseção com outras fontes de significado e reconhecimento
social, seguindo um padrão altamente diversificado que dá
margem a interpretações alternativas. As pessoas resistem
ao processo de individualização e atomização,
tendendo agrupar-se em organizações comunitárias
que, ao longo do tempo, geram um sentimento de pertencimento e, em última
análise, em muitos casos, uma identidade cultural comun. Para
que isso aconteça, faz-se necessário um processo de mobilização
social . As pessoas precisam participar de movimentos urbanos, que revelem
e defendam interesses comuns, compartilhando e produzindo um novo significado
à vida. O Estado-Nação, responsável por definir o domínio, os procedimentos e o objeto da cidadania, perdeu boa parte de sua soberania, abalada pela dinâmica dos fluxos globais e das redes de riqueza, informação e poder transorganizacionais. Um componente essencial dessa crise de legitimidade consiste na incapacidade do Estado em cumprir com seus compromissos com o bem-estar social, dada a integração da produção e do consumo em um sistema globalmente interdependente, e os respectivos processos de reestruturação do capitalismo. 1.2.4. O Urbanismo e as perspectivas
sociais do novo Dar atenção às necessidades da heterogeneidade de habitantes urbanos e culturas do gosto, afasta a arquitetura de um ideal de alguma meta linguagem unificada e a decompõem em discursos altamente diferenciados. A questão em uma mudança industrial rápida, é a de evitar que a postura teórica se reduza a uma produção estética do mito através da arquitetura, caindo na própria armadilha que o modernismo heróico encontrou nos anos 30. Não é de se surpreender que a arquitetura de Rossi tenha recebido severas críticas. A desindustrialização e a reestruturação, que deixaram a maioria das grandes cidades do mundo capitalista avançado, com poucas opções além da competição entre si, em especial como centros financeiros, de consumo e de entretenimento. A linha mais forte de ataque vem agora do deconstrutivismo em parte como reflexão de um mundo desgovernado sujeito a um sistema econômico, político e moral desorganizado. Mas ele o faz de modo a ser desorientador e até promotor de confusão para assim produzir uma ruptura nas maneiras habituais de perceber a forma e o espaço. A fragmentação, o caos, a desordem, mesmo dentro de uma ordem aparente, permanecem como temas centrais. A era da globalização
é também a era do ressurgimento do nacionalismo, manifestado
tanto pelo desafio que impõem a Estado-Nação estabelecido,
como pela ampla reconstrução da identidade com base na
nacionalidade invariavelmente definida por oposição ao
estrangeiro. Como Hobsbaum afirma "o sucesso consiste na construção
de um Estado-Nação moderno e soberano". Sendo que
a identidade desse nacionalismo, baseado nos atributos lingüísticos,
territoriais, étnicos, religiosos e político-históricos
compartilhados, Na opinião de Castells, a incongruência entre algumas teorias sociais e a experiência prática contemporânea resulta do fato de que o nacionalismo, bem como as nações, têm vida própria, independente da condição de Estado; embora estejam inseridos em ideários culturais e projetos políticos. Por mais atraente que a noção de comunidades imaginárias possa parecer , ela é óbvia ou empiricamente inadequada. A oposição entre comunidades reais e imaginárias são de pouca utilidade analítica além dos esforços de dismistificação das ideologias de nacionalismo essencialista. Porém, o sentido de afirmação é de que as nações constituem artefatos puramente ideológicos. Etnia, religião, idioma e território por si não são suficientes para erigir nações e constituir o nacionalismo. A experiência compartilhada sim. 2 Política Econômica A rejeição do Keynesianismo e o declínio do movimento trabalhista podem agravar o processo de perda da soberania do Estado-Nação em virtude do enfraquecimento de sua legitimidade. A reconstrução do significado político com base em identidades específicas contesta o próprio conceito de cidadania. A única opção que restou ao Estado foi transferir sua legitimidade, anteriormente fundamentada na representação da vontade popular e na garantia do bem-estar social, para a defesa de uma identidade coletiva a partir de sua identificação com o comunalismo mediante a exclusão de outros valores e identidades de grupos minoritários. É esta a verdadeira fonte de origem de Estados fundamentalistas justificados pelo nacionalismo, etnia, território, ou religião, que parecem surgir das crises de legitimidade política existentes nos dias de hoje. Não obstante, podem-se identificar manifestações de crescente alienação política em todo mundo, à medida que as pessoas percebem a incapacidade do Estado em solucionar os problemas dos cidadãos, e vivenciam um instrumentalismo cínico por parte dos políticos. Durante meio século a União Soviética obteve um extraordinário sucesso . Se deixarmos de lado as dezenas de milhões de pessoas que morreram em decorrência de revoluções, guerras, fome, trabalhos forçados, deportações e execuções; a destruição de culturas, história e tradições nacionais; a violação sistemática dos direitos humanos e liberdade política, a degradação generalizada de um meio ambiente, a militarização da economia e a doutrinação da sociedade; poderíamos dizer que a URSS foi um sucesso. Se é que isto é possível. Isto apenas por que tornou-se uma potência militar à altura dos Estados Unidos. O preço pago foi a deformação da economia. A agricultura tinha que ser explorada ao máximo para subsidiar a indústria e alimentar a população urbana, bem como a mão-de-obra estar comprometida com a indústria. Bens de consumo, moradia e serviços tinham de ceder lugar aos bens de capital e à extração de matérias-primas. A indústria pesada foi direcionada para finalidades militares. Toda a economia era movimentada por meio de decisões administrativas verticalizadas entre instituições responsáveis pelo planejamento e os ministérios executivos e entre os ministérios e as unidades de produção, estipulando metas de produção e quotas de fornecimento a cada uma das unidades da indústria. Tornando-se uma economia de planejamento central, onde os preços eram apenas formas contábeis sendo inexistente a relação oferta / demanda. O crédito de recursos também obedecia à um esquema de prioridades. (CASTELLS, 2000) O modelo soviético de crescimento econômico pode ser caracterizado como típico de uma economia industrial nos primeiros estágios de desenvolvimento. Sua taxa de crescimento existia em função do volume de investimentos em bens de capital e insumos, em que mudanças técnicas tinham importância menor, e o retorno sobre o investimento potencialmente diminuía à proporção que o suprimento de recursos se esgotava. O destino deste modelo dependia de sua capacidade de manter a absorção dos recursos adicionais ou então aumentar a produtividade por meio de avanços tecnológicos. Entretanto, a economia soviética desenvolveu-se em um regime de autarquia e, por longo período, em um ambiente mundial hostil que gerou no país uma mentalidade de estado de sítio. O comércio foi reduzido à itens essenciais. A aquisição predatória de recursos adicionais nunca foi de fato uma opção para a União Soviética. No momento em que a população teve condições de manifestar preferências de consumo acima do nível de subsistência, a economia de comando começou a padecer de disfunções sistêmicas na prática de implementação de seus planos. O sistema também desestimulou a busca pela inovação em uma época de mudanças tecnológicas fundamentais. Prioridades estruturais resultaram em desequilíbrios sistêmicos entre os setores e desajuste crônico entre oferta e procura na maioria dos produtos e processos, o sistema levava à escassez. A falta de produtos trouxe uma solução pragmática, acabou com um enorme sistema de intercâmbio informal, cada vez mais organizado à base de pagamentos ilícitos em dinheiro ou espécie. Surge assim uma enorme economia paralela. Essa economia que tinha mitigado os rigores do sistema, cria um mecanismo próximo ao de mercado que permite o funcionamento quase normal da economia, gerando uma necessidade de afrouxar os controles do governo, gerando assim uma profunda mudança na estrutura social soviética, desarticulando e onerando a economia planejada. A indústria e a agricultura soviéticas ficaram impossibilitadas de competir na economia mundial, logo no momento histórico da formação de um sistema global e interdependente. A estratégia global que visava a derrota do capitalismo se reverteu, da inevitabilidade de um confronto armado, para uma coexistência e concorrência pacíficas e para uma abertura econômica e política. O caso do Japão já ilustra um exemplo totalmente diferente. De uma economia em rápido crescimento tecnológico, comercial e econômico, desde meados da década de 80 aos poucos está entrando em uma crise estrutural que se manifesta em diferentes dimensões nos panoramas econômico, social e político. A situação de quase inadimplência dos bancos japoneses depreciou-lhes o valor das ações e tornou-lhes o acesso ao crédito internacional proibitivamente caro. Os bancos que resistiram apertaram o crédito e em 1998 pela primeira vez desde a crise do petróleo dos anos 70, a economia japonesa encolheu, e as perspectivas eram de recessão prolongada. A razão para este desalento está incorporada no modelo japonês de desenvolvimento. O crescimento do Japão baseou-se em um sistema financeiro bancado pelo governo, destinado a garantir segurança tanto aos poupadores quanto aos bancos e a oferecer crédito fácil com juros baixos às empresas. Por longo período, as instituições financeiras japonesas operaram relativamente isoladas do fluxo de capital internacional e sob regulamentação e diretrizes de políticas elaboradas pelo Ministério da Fazenda. O mercado acionário não era fonte importante de financiamento e não representava investimento atraente para poupança. As altas taxas de poupança eram cruciais para aumentar os investimentos sem inflação. Os bancos andavam abarrotados de dinheiro e faziam empréstimos com tal facilidade e foram realizados empréstimos que não poderiam ser cobrados no futuro, levando muitos bancos à insolvência, principalmente devido à grande especulação imobiliária. Está sendo preciso rever todo o conceito da economia japonesa. 2.1. European Union A União Européia, que não apenas delimita uma nação, mas um conjunto de nações com uma fronteira única, uma burocracia única, uma moeda única. Mas mesmo assim com uma delimitação comercial, política, descriminando o trabalho e a periferia. (KOOLHAAS, ) A unificação da Europa representa uma definição importante no contexto mundial. Ela provavelmente acabará com guerras milenares entre as principais potências européias. Em outras épocas o imperialismo exercia seu poder atacando com armas os países pobres. Agora governa emprestando dinheiro aos países pobres. As políticas comerciais injustas sobrexistem à uma bipatrida ou multipatrida. Enquanto o imperialismo persiste
a um macronível, distorcendo o comércio para preservar
antigas delimitações, num micronível, o vetorial
impregna tudo, permitindo com que qualquer coisa se relacione com outra.
As delimitações da arquitetura seguem resguardando da
chuva e mantendo a segurança no espaço interior, mas isto
é tudo. (CASTELLS, ) Também sob o aspecto econômico e tecnológico e influência cultural e política , aliados ao desenvolvimento da região do pacífico, servirão de apoio ao sistema mundial em uma estrutura policêntrica, impedindo a existência de qualquer poderio hegemônico, apesar da proeminência militar dos Estados Unidos. Em torno do processo de formação da União Européia, estão sendo criados novos tipos de governos e novas instituições governamentais nos âmbito europeu, regional e local, motivando uma forma de Estado, de importância vital como fonte de inovação institucional que poderá fornecer algumas respostas à crise do Estado-Nação. O processo resulta com base em macrotendências que caracterizam a Era da Informação, a globalização da economia, da tecnologia e da comunicação e a afirmação paralela da identidade enquanto fonte de significado. Em conseqüência do fracasso do Estado-Nação clássico em particular a resposta a esses desafios simétricos opostos, as instituições européias estão tentando administrar as suas tendências mediante o emprego de novas formas e novos processos e, com isso, tentando a construção de um novo sistema institucional, o estado em rede. (CASTELLS, ) A disparidade entre países em termos de nível de produção por pessoa talvez seja a característica predominante da história da economia moderna. A diferença no índice da renda per capta no país mais rico contra o mais pobre multiplicou-se por 6 e o desvio padrão do PIB per capta cresceu entre 60% e 100% entre 1870 e 1989. Em boa parte do mundo, esse desajuste geográfico na criação/apropriação de riqueza aumentou nas últimas duas décadas, ao passo que o diferencial entre os países membros da OCDE e o restante do planeta , representando a esmagadora maioria da população, ainda é abissal. O Japão logrou sucesso em atingir praticamente a condição de paridade durante as últimas quatro décadas, enquanto a Europa Ocidental melhorou sua posição relativa, ficando contudo abaixo dos Estados Unidos. Entre 1973/92, os países latino-americanos e africanos e da Europa Oriental tiveram uma queda no valor do PIB. Quanto aos países asiáticos registrou-se uma melhora substancial em sua posição, mas em termos absolutos, em 1992, eram ainda mais pobres do que qualquer região no mundo com exceção da África, representando, ao todo, apenas 18% do nível de riqueza dos Estados Unidos, embora isso devasse em parte à China. 2. Capitalismo O que parece ser um fenômeno global é o avanço da pobreza, e principalmente, da pobreza extrema. De modo geral, a ascensão do capitalismo informacional global caracteriza-se, indubitavelmente, pelo desenvolvimento e subdesenvolvimento econômico simultâneos, inclusão social e exclusão social; em um processo que se reflete, grosso modo, em estatísticas comparativas. Há polarização na distribuição da riqueza em âmbito global, evolução diferencial na desigualdade da distribuição de renda interna nos países e crescimento substancial da pobreza e da miséria no mundo inteiro e na maioria dos países, tanto desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Contudo, os mecanismos de exclusão social, exigem uma análise qualitativa dos processos pelos quais são ocasionados. 2.1. Distribuição da Renda Nas últimas duas décadas, a desigualdade na distribuição de renda cresceu nos Estados Unidos, Reino Unido, Brasil, Argentina, Venezuela, Bolívia, Peru, Tailândia e Rússia, e nos anos 80, no Japão, Canadá, Suécia, Austrália, Alemanha e México, apenas para citar alguns exemplos relevantes. Contudo, a desigualdade na distribuição de renda diminuiu de 1960 a 1990 na Índia, Malásia, Hong Kong, Cingapura, Taiwan e Coréia do Sul. Para países em desenvolvimento, essa disparidade corresponde à taxa de migração do campo para a cidade, uma vez que o principal fator referente à distribuição de renda é a diferença entre os níveis de renda entre áreas rurais e cidades. Quanto aos países industrializados, a questão central reside no diferencial de desenvolvimento dos respectivos estados do bem-estar-social, bem como nas faixas salariais e benefícios sociais concedidos, o que está diretamente relacionado ao poder de negociação dos sindicatos de trabalhadores. 2.2. Capitalismo Industrial O desenvolvimento do capitalismo industrial, ao contrário de uma visão ingênua muito difundida, não provocou o reforço da cidade e sim o seu quase desaparecimento enquanto sistema institucional e social relativamente autônomo, organizado em torno de objetivos específicos. A constituição da mercadoria enquanto engrenagem de base do sistema econômico, a divisão técnica e social do trabalho, a diversificação dos interesses econômicos e sociais sobre o espaço mais vasto, a homogeinização do sistema institucional, ocasionam a irrupção da conjunção de uma forma espacial, a cidade, e da esfera de domínio social de uma classe específica, a burguesia. A difusão urbana equivale exatamente à perda do particularismo ecológico e cultural da cidade. A urbanização ligada à primeira revolução industrial é um processo de organização do espaço, baseada sobre dois fatos: 1-A decomposição prévia
das estruturas sociais agrárias e a emigração da
população para centros urbanos já existentes, fornecendo
a força de trabalho essencial à industrialização
As cidades atraem a indústria devido a estes dois fatores essenciais (mão-de-obra e mercado) e, por sua vez, a indústria desenvolve novas possibilidades de empregos e suscita serviços. Nos dois casos, o elemento dominante é a indústria, que organiza inteiramente a paisagem urbana. Esse domínio, no entanto, não é um fato tecnológico da lógica capitalista que está na base da industrialização. A desordem urbana não existe de fato. Ela representa a organização espacial proveniente do mercado, e que decorre da ausência de controle social da atividade industrial. O racionalismo técnico e a primazia do lucro resultam, por um lado, na anulação de toda diferença essencial entre as cidades e na fusão dos tipos culturais nas características globais da civilização industrial capitalista; e por outro lado, no desenvolvimento da especialização funcional e na divisão social do trabalho no espaço, com uma hierarquia entre os diferentes aglomerados e um processo de crescimento cumulativo, derivado do jogo de economias externas.
1. A aceleração do
ritmo da urbanização no contexto mundial O progresso tecnológico é freqüentemente considerado como a base da metrópole. O papel desempenhado pela tecnologia na transformação das formas urbanas é indiscutível. Graças a um enorme desenvolvimento dos meios de comunicação, transmitido, ao mesmo tempo, pela introdução de novas atividades de produção e de consumo, e pela quase eliminação do obstáculo espacial Os transportes coletivos asseguraram
a integração de diferentes zonas e atividades da metrópole,
distribuindo os fluxos internos segundo uma relação tempo/espaço
suportável. O automóvel contribuiu para a dispersão
urbana, com enormes zonas de residência individual, espalhadas
por toda região, e ligadas por vias de circulação
rápida aos diferentes setores funcionais. Os transportes cotidianos
de produtos de consumo corrente beneficiam-se igualmente de tal mobilidade;
sem a distribuição cotidiana por caminhão dos produtos
agrícolas colhidos ou estocados na região, nenhuma metrópole
poderia subsistir. O desenvolvimento da navegação aérea foi fundamental para reforçar a interdependência das diferentes regiões metropolitanas. A indústria está cada vez mais liberada com referencia a fatores de localização espacial rígida, tais como matérias- primas ou mercados específicos, enquanto, ao contrário, depende cada vez mais de uma mão-de-obra qualificada e do meio técnico e industrial, através de cadeias de ralações funcionais já estabelecidas. A indústria busca acima de tudo sua inserção no sistema urbano, mais do que sua localização em relação aos sistemas funcionais (matérias-primas, recursos, escoamento) que determinavam sua implantação no primeiro período da industrialização. Ao mesmo tempo, a importância crescente da gestão e da informação, e a ligação dessas duas atividades com o meio urbano invertem as relações entre indústria e cidade, fazendo depender cada vez mais a primeira do complexo de relações suscitado pela segunda. Também a evolução tecnológica (em particular o desenvolvimento das energias alternativas e o papel motor da eletrônica e da química) favorece o reagrupamento espacial das atividades, reforçando os laços internos com o meio técnico e tornando cada vez mais fracas as dependências quanto ao meio físico. Disto decorre que o desenvolvimento se processa a partir de núcleos urbano industriais existentes e que a atividade se concentra nas redes de interdependências organizadas desta forma. As mudanças na indústria da construção permitiram também a concentração das funções, em particular das funções de gestão e troca, num espaço reduzido e acessível ao conjunto das zonas da metrópole, graças à construção em altura. A técnica, longe de consistir um simples fator, é um elemento do conjunto das forças produtivas, que são elas mesmas, primordialmente, uma relação social, e comportam assim, um modo cultural de utilização dos meios de trabalho. Essa ligação material entre espaço e tecnologia constitui assim o elo material mais imediato de uma articulação profunda entre o conjunto de uma dada estrutura social e esta nova forma urbana. A organização de unidades de produção muito amplas estão na base da descentralização espacial de estabelecimentos ligados funcionalmente. A existência de grandes firmas comerciais , com a padronização de produtos e de preços, permite a difusão das residências e o abastecimento nos shopping-centres, que um sistema de comunicações rápidas permite juntar facilmente. A hierarquização das cidades, que obedecem a um sistema de zoning resultam numa verdadeira segregação em termos de status transformando o território em um local de desdobramento simbólico. Assim a planificação urbana trata dos problemas de funcionamento do conjunto a partir de uma divisão em unidades espaciais significativas fundadas nas redes de interdependência do sistema produtivo e anula a distinção entre rural e urbano, colocando em primeiro plano da dinâmica espaço/sociedade, a conjuntura histórica das relações sociais que constituem sua base. 2.3. A Globalização 2.3.1. Conseqüências Urbanísticas Rem Koolhass em seu livro Mutations trata da disseminação planetária dos modelos urbanísticos com um significado quase ecológico. Os modelos genéricos só se tornam reais nas condições locais de um clima mais favorável e de liberdade de ação. Seu resultado é prático. A primeira cidade à surgir com este princípio talvez tenha sido Roma, que por necessidades políticas, econômicas e estratégicas tinha que estar inserida em um contexto fluido e integrado. No início do século XX, 10% da população vivia em cidades. No ano 2000 ao redor de 50% vive em cidades e no ano 2025 a população urbana pode chegar a cinco bilhões, dos quais 2/3 em países pobres. Em 1950 somente New York e Londres tinham mais de 8 milhões de habitantes. Atualmente existem mais de 22 "megalópolis". A região sub-Saariana tem o índice mais alto de urbanização mundial, em 2023, 23% de sua população viverá em cidades. Em Bombain a população quadruplicou em 30 anos. A metade de seus habitantes vive em favelas e 700.000 moram nas ruas. No mundo 100 milhões de pessoas, em sua grande maioria crianças, não têm local fixo. A globalização não
é um processo recente. Do ponto de vista da periferia, das mais
antigas colônias, a história nunca deixou de ser um processo
de globalização. As indústrias metropolitanas têm
crescido às custas da periferia. 2.3.2. Efeitos Espaciais da Globalização O que mudou é o ritmo da globalização. O telégrafo foi uma verdadeira revolução nas comunicações. À partir de então a informação se move mais rapidamente entre as pessoas, objetos e exércitos. Assim a disposição física das coisas no mundo pode organizar-se com maior complexidade. Seu movimento converte-se em objeto de uma logística contínua. Desde o telégrafo a arquitetura já não tem mais sentido. Para a arquitetura, o princípio do fim foram essas fantásticas fábricas de telégrafos do século XIX. Quase em todas as capitais existe um edifício deste tipo. São mausoléus da arquitetura, da velha idéia européia de delimitar o espaço, de delimitar uma fronteira aonde as coisas podem ser organizadas racionalmente. Não foi só o fim da arquitetura mas também o fim da delimitação espiritual: o Nacionalismo. Tem sido necessário travar uma batalha longa que prossegue ainda hoje, para que a televisão ofereça cada dia o embasamento ao Nacionalismo com a mortalha do telégrafo, da telefonia, da própria televisão... a "telestesia". A "telestesia", ou percepção à distância, permitindo controlar as coisas que se movem. Os recursos materiais do mundo natural, à partir do qual se constrói uma segunda natureza habitável são controlados, medidos, explorados em uma terceira natureza de telestesia. As tecnologias disciplinarias são um aspecto menor do poder moderno e cada vez mais estão subordinadas às tecnologias vetoriais. A internet potencializa a telegrafia, transmite em arquivos, permite relacionar grande quantidade de dados, e para tanto, vincula conjuntos de recursos cada vez mais complexos. Simplesmente acelera, prolifera, modifica. Do ponto de vista qualitativo não é um sistema tão revolucionário. À pesar do entusiasmo dos artistas da rede e de alguns recém chegados à teoria dos meios de comunicação, não estamos em um momento tão crucial da história mediática, mas presenciamos a aparição da virtualidade e da "telestesia", uma virtualidade que subsiste no vetor das comunicações desde o telégrafo, com o lento desempenho de seu potencial. Em outras palavras, segundo Koolhass, é um mau momento para os conservadores, tanto se vestem das cores da esquerda como da direita. O que mudou é que está cada vez mais difícil subordinar o poder vetorial ao poder de delimitação. A delimitação do Estado, da empresa, da família, do Eu, são simplesmente algo mais difícil de garantir, e isso parece ser notório nos grandes centros metropolitanos. O mercado está agora tão limitado como sempre por interesses especiais, normas, monopólios, onde as regras se modificam de vez em quando para beneficiar novos monopólios. São regras vetoriais. Não estamos na era da globalização mas na da vetorização. As grandes corporações se movem com rapidez para ocupar as amplas delimitações do NAFTA e da EU. Estes criam circuitos de produção e de distribuição de alcance global. No centro a política se converte em matéria de compromisso entre estados, corporações, movimentos trabalhistas e outros grupos de interesses. O comércio e a emigração seguem sendo importantes instrumentos de delimitação. O espaço cultural de mercado perde gradualmente sua conexão com o espaço nacional desde marcas, equipes de futebol, sexualidade, hobbies, que já não estão mais relacionados e subordinados à delimitação nacional. Se dispersam mas também conflitantes entre si. 2.3.3. A cidade Desde o telefone, a cidade não é mais a mesma. A delimitação de lugar, a fábrica, o subúrbio, o distrito, deixa de ser uma necessidade inerente. Na arquitetura o equilíbrio passa da construção de envoltórios para a construção de planos. Os arquitetos constróem modelos que poderiam ser edifícios, ou os edifícios poderiam ser modelos do que deveria ser o Estado. Quem sabe o Estado também poderia ser plano e não uma delimitação. Mas seria um Estado muito diferente do que conhecemos. Quem sabe é uma questão de duração relativa. Koolhaas propõe uma arquitetura que por um lado cria Mega-estruturas, planos de uma duração relativamente longa pelos quais fluem muitas coisas, e sobre este plano sobrepõe um ponto de apoio para um atrativo, uma tenda, literalmente uma suspensão temporal de duração muito mais reduzida. Abaixo da força corrosiva do vetor, a arquitetura se torna líquida. A arquitetura se converte também em uma forma de movimento. A tecnologia das comunicações cria vetores que transportam informações através do espaço. A arquitetura cria vetores que transportam informações através do tempo. A arquitetura moderna toma emprestada da arquitetura clássica a pompa e a utilidade da forma externa. Sua máxima pretensão era realizar uma forma que poderia se manter fora do tempo, e estar em comunhão com o eterno. Cubos de pura forma branca. Uma arquitetura, que como o Estado, a família e a Igreja, seria permanente e delimitadora. A arquitetura volta a ser interessante quando esquece sua pretensão, admite sua própria morte e tenta ressuscitar fazendo o que sabe fazer. Não delimitando o tempo e o espaço, vetorizando o espaço no tempo. Algumas das melhores obras de arquitetura sabem como usar o vetor aproveitando a delimitação e delimitando em sua forma um maior volume de trânsito que caberia em outro lugar. Algumas das melhores obras de arquitetura sabem como gastar os mínimos recursos para comunicar uma forma num período de tempo muito curto. Se a arquitetura está morta, assassinada por um vetor, também o estão os meios de comunicação, por mais que pareça uma ironia. A radiodifusão, foi uma aberração. A comunicação é quase sempre unilateral. Conecta mais que delimita. A tecnologia da comunicação mais apropriada para entender suas propriedades gerais não é a televisão. Os estudiosos mediáticos que tomaram a radiodifusão como paradigma tratam agora de encontrar os instrumentos para refletir sobre o mundo da pós radiodifusão. Enquanto a televisão delimita a identidade da audiência, o telefone realiza dispersões de conexões. Pensemos no espaço da cidade e em como se transforma graças ao telefone, com sua rede subterrânea perfilando o interior com o exterior de um modo sem precedentes. Pensemos nas vanguardas históricas, desde os românticos marginais até os surrealistas e os situacionistas. Ocupam o espaço de uma cidade como se a telegrafia e posteriormente a telefonia não a houvessem transformado. Freqüentam o espaço da cidade, passeiam pela cidade, registram sua vida mais como um plano do que uma delimitação, mas não auxiliam ao principal meio de sua transformação; a telefonia. A crítica ou negação do vetor em nome da delimitação floresce, inclusive na internet. Em todas as partes existe uma nostalgia persistente pelo domínio da delimitação frente ao vetorial, que não é uma nostalgia pela nação e pela família, é uma nostalgia pela Europa e pelo Museu. Em vez de buscar a igualdade no comércio internacional caso a caso, julgada por um tribunal justo e independente, o espaço econômico da Europa e da América se delimita às expensas dos demais. O vetor permanece no micronível mas não mais no macronível. Capítulo 2 O Cyberespaço 1. Definição Indefinidamente projetável, gerenciável, reproduzível, expansível, o "cyberespaço" subsiste apesar de existir. Não se limita à veicular informações, a formular o obstáculo, ou como se repete até a saciedade, a anular as distâncias. Por outro lado, esta modalidade é positiva: nos libera da extensão, nos dispensam do exterior e para tanto, do possível. E este princípio de superabundância que rege sua economia, afeta todas as operações que nele se desenvolvem. Obra a atravessar, a partir, a edificar, "cyberarquitetura" em que os ofícios da informática, as artes gráficas e a concepção abstrata suplantam a arte da construção, hiper infra-estruturas em um sistema dinâmico de acumulações, de comutações e de combinações que se recompõem pelo meio, sem neutralizar-se, nem saturar-se. A metáfora da cidade se impôs de repente? E não será desta textura espacial, e da imersão multisensorial e intelectiva que suscita (e que a chama para a sua vez?), mas procede, sobretudo, da sociabilidade que nela se fabrica, sem mediações instituídas e sem controles à mercê das iniciativas: os "lugares" designam foros, tribos e comunidades de todo tipo e de todas as partes, e encobrem relações e subjetivações efêmeras e metamórficas. Ademais, as miméticas do urbano são depreciadas pelas práticas e movimentos (vagabundear, reencontrar, reunir-se, debater, aprender, experimentar, comprar, etc.) nelas reinventando o quotidiano, são a expressão do sujeito que nelas se encontram. Elas não são as que produzem a cidade ou, melhor dito, a atualizam: uma cidade não é em si e por si até que cada um dos usuários que a integram, sem receptáculo físico e sem nome, e que sucede performaticamente, no ritmo das ocasiões e das apropriações individuais, na inverossímil eflorescência do diverso. Mas esta cidade segue sendo uma cidade réplica, reproduz cada vez mais todas as comutações (circulação, comércio, intercâmbio) que constituem, a densidade e o poder de atração do urbano, e em contrapartida também seus desperdícios, seu ruído, seus guetos, suas desigualdades e suas reterritorialidades arcaicas e, cada vez mais, seu mercado devastador. O "cyberespaço" desdobra em todos os sentidos e a medida que o colonizam as potências de hoje em dia, se introduzem pouco a pouco nos territórios físicos modificando-os; impondo regras e barreiras nos centros e movimentos, a maior glória do sistema. Retificadas e totalmente acabadas na profusão informativa, então as mimeses que se fundiram com a redundância e a indiferença do urbano. 2. Estrutura A mundialização da economia, em sua nova estruturação, exige uma redefinição teórica. Um dos conceitos que fizeram participar a cidade ou as regiões globais nesta investigação implicam renomear os outros componentes do sistema. Pode-se recorrer a termos próximos como "cidade mundo", a super cidade de Braudel ou a "cidade informacional" de Castells. Mas com a eleição em 1984 do termo "cidade global", pretendia-se remarcar uma diferenciação e sinalizar a especificidade do global hoje em dia. A alternativa mais evidente, a cidade - mundo, nos remete, contrariamente, a uma cidade conhecida à séculos e, provavelmente também à épocas anteriores na Ásia. E se a maioria das cidades chamadas globais podem ser presenteadas como cidade - mundo, nem todas elas se encaixam na concepção completa do termo. Em parte, trata-se de uma questão de ordem empírica, a cidade global pode permutar em função da extensão da economia global e da interação das novas cidades em suas redes. 3. Hipóteses A - A dispersão geográfica das atividades econômicas que caracterizam a globalização, assim como sua integração, são os fatores chaves que nutrem o auge das empresas e realçam a importância de suas funções centrais. Quanto mais estejam as atividades de uma empresa disseminadas em diversos países, tanto maios estas funções (trabalho de gestão, coordenação, serviço e de financiamento das operações) se tornaram complexas, estratégicas. B - As funções centrais das empresas adquirem tal complexidade que as grandes empresas globais têm tendência a subcontratar, seja totalmente ou em parte, a outras empresas totalmente especializadas: contabilidade, auditoria, relações públicas, pesquisas, telecomunicações. Há 10 anos, estas funções diretas ocupam a sede social da empresa. Hoje existem outros lugares chave, sobretudo hoje que as sociedades estão implicadas com os mercados globais e em operações excepcionais. E esta tendência está se generalizando. C - Estas sociedades de serviços especializados que operam nos mercados mais complexos e mundializados estão sujeitas à uma economia de agregação. A complexidade dos serviços requeridos, a incertitude dos mercados nas que estão implicadas (diretamente ou através de sucursais), e a importância crescente da velocidade em todas as transações, são também fatores que também constituem esta nova dinâmica. Mediante a concentração destas empresas, os talentos e os especialistas estão inseridos em um grande leque de setores especializados e o entorno urbano que os acolhe funciona como um centro de informação. Achar-se nestas cidades representa incorporar uma rede de informações extremamente densa: um meio que hoje tem sido reproduzido completamente no espaço eletrônico e que tem como valor agregado a possibilidade de combinar de modo imprevisível conhecimentos que podem produzir uma ordem superior de informação. Isto não afeta as atividades rotineiras (que não se submetem nem ao aleatório nem a formas de produção não estandardizadas). Neste sentido, as cidades globais são os lugares de produção das mais importantes indústrias da informação de hoje em dia. D - Como conseqüência das hipóteses precedentes, quanto mais exteriorizam as sedes centrais suas funções complexas e não estandardizadas - em particular aquelas que dependem de mercados com flutuações rápidas - maior liberdade encontram na escolha de sua localização, à não estar sujeito ao trabalho que fazem as economias de agregação. Isto nos mostra que o setor chave - e o específico das cidades globalizadas - é o dos serviços altamente especializados e conectados em rede. Koolhaas se impõe a crença generalizada segundo à qual é o número das sedes sociais que definem uma sociedade, uma cidade, de globalizada. Também é certo que na maioria dos países as sedes centrais estão nos centros de negócios, sem dúvida, por falta de solução melhor. Mas nos países dotados de infra-estruturas desenvolvidas além de seus principais centros de negócios, as sedes centrais dispõem de múltiplas possibilidades de localização. E - Estas sociedades de serviços especializados devem operar a nível mundial, o que implica uma rede global de filiais ou associados. Se assiste, pois, a um aumento de transações e um desenvolvimento das redes transfronteiriças entre cidades que poderiam em caso extremo, dar lugar a sistemas urbanos transnacionais. O crescimento dos mercados globais financeiros e de serviços, a necessidade de redes transnacionais devido ao auge dos investimentos internacionais, o papel limitado dos governos na regulação das atividades econômicas internacionais e consequentemente a aparição de outros atores (como os mercados e empresas globais) são os elementos que assinalam a emergência de uma série de redes urbanas transnacionais. Desde aí a percorrida hipótese segundo a qual o crescimento econômico das cidades depende cada vez menos do território circundante ou das economias nacionais. Koolhaas diria que atualmente a importância dos grandes centros de negócios firma-se em grande parte sobre sedes transnacionais. Não existe a cidade global única, participa sempre de um sistema mais extenso e esta é a maior diferença com as antigas capitais imperiais. F - O número crescente de equipamentos atualmente qualificados e de sociedades de serviços especializados aumentam as margens de desigualdade sócio econômica e espacial no seio das cidades. O caráter estratégico desses serviços aumenta o valor dos profissionais de alto nível, assim como seu número. Nesta situação a rapidez e talento são os elementos preponderantes, o primeiro transforma o segundo em um verdadeiro valor agregado, entre os benefícios empresariais e os salários de executivos e diretores aumentam rapidamente. Apesar dos demais trabalhadores e setores de atividades correrem o risco de cair em ciclo oposto. G - Para encontrar uma demanda efetiva, toda uma série de atividades econômicas que não podem rivalizar, pelo benefício, com empresas mais rentáveis tomam parcial ou totalmente um caráter informal: é um de seus meios de sobrevivência. 4. Análise dos pensamentos de Manuel Castells e Peter Hall de seu livro "Technopoles of the World" Existe uma imagem da indústria econômica do século XIX ligada à imagem das minas de carvão e à fundição do ferro, jogando fumaça no céu e iluminando as noites com reflexo vermelho. Há uma imagem correspondente da nova economia que tomou o lugar da antiga nos últimos anos do século XX, mas que apenas recentemente esta tomando corpo em nossos inconscientes. Esta consiste de uma série de prédios baixos e discretos, usualmente mostrando um certo ar de bom gosto em meio à paisagens impecáveis dentro do conceito clichê de campus universitário. A nova indústria, que toma impulso no terceiro milênio, a da alta tecnologia, se desenvolve em empreendimentos bem planejados: as "tecnopolis". Algumas fazem parte de investimentos imobiliários totalmente desenvolvidos pelo setor privado, o que acontece na maioria das vezes, mas que são as menos interessantes. Entretanto, um número significativo têm saído como resultado de várias formas de cooperação ou associação entre os setores público e privado. Eles são promovidos pelos governos locais, centrais ou regionais, sempre em associação com universidades, juntamente com companhias privadas que ocupam o espaço físico constituído. Essas "tecnopolis", as mais interessantes, são invariavelmente mais que espaços para locação. Elas também contém significativas instituições do tipo semi público ou que não visam o lucro, como universidades ou institutos de pesquisas, que são especialmente implantados de forma a ajudar na geração de novas informações. Esta é a função da "tecnopolis": gerar elementos básicos para a economia da informação. Um número considerável de pessoas nesses prédios das "tecnopolis" não fazem nada senão em prédios similares à pouca distância de seus núcleos, onde algumas pessoas estão envolvidas no processo de produção dos produtos que são inventam nas "tecnoplolis". Os produtos podem ser VCR, Cd Player, software, sistemas artificiais, cerâmicas de alta tecnologia, drogas geneticamente desenvolvidas, novos materiais ou uma centena de outros produtos. Produtos todos estes que são compostos de informações criadas nas "tecnopolis". Estes produtos são o símbolo da nova economia, a economia informacional. A "tecnopolis" é a mina e a fundição da era da informação. 4.1. Três Revoluções Econômicas Contemporâneas. Do Vale do Silício à Sibéria, da Côte d´Azur à Korea, do Sul da Austrália à Andalucia há exemplos típicos de "tecnopolis" que descreveremos à seguir. A "tecnopolis" de fato comemora explicitamente a realidade que as cidades e regiões estão profundamente modificadas em suas estruturas, e condicionadas em seus crescimentos dinâmicos, por um processo histórico que interrelaciona três grandes atores: 1. A revolução tecnológica, baseada na tecnologia da informação (incluindo a engenharia genética), pelo menos no presente momento histórico como duas revoluções embasadas na descoberta de novas fontes de energia. 2. A formação de uma economia global, que é, a estrutura de todo processo econômico em escala global, mesmo que fronteiras e governos permaneçam como elementos essenciais e elementos chave na estratégia de jogo dentro da competição internacional. Por uma economia global entendemos um elemento protagonista que age em tempo real como uma unidade no espaço global, seja pelo capital, gerenciamento, trabalho, tecnologia, informação ou mercados. Mesmo em empresas que são lastreadas em mercados globais e visam o mercado doméstico dependem da dinâmica e lógica de uma economia global através da intermediação de seus clientes, fornecedores, e concorrentes (competidores). A aceleração do processo de integração Europeu e a criação de uma área econômica correspondente enfatiza estas tendências em direção à uma globalização e a uma interdependência na economia mundial. 3. A emergência de uma nova forma de produção e administração, que - de acordo com inúmeros economistas e sociólogos - chamada de informacional; caracteriza-se pelo fato que a produtividade e a competição estão aumentando baseadas na geração de novos conhecimentos - know-how - e ao seu acesso e ao processo de apropriação de informação. Como nos mostra o trabalho pioneiro de Robert Solow e a conseqüente gama de pesquisas econométricas pela escola de pensamento de "função produtiva agregada", o último meio século tem sido caracterizado por uma nova equação na geração de produtividade, e consequentemente de crescimento econômico. Ao invés da adição quantitativa de capital, trabalho, e insumos, típicas de uma função de crescimento de produtividade nas economias agrária e industrial, a nova economia, em emergência nos países industriais avançados desde os anos 50, tem dependido progressivamente do que equações econométricas intitulam de "estatística residual", que os mais espertos da área traduzem em termos de "inputs" em ciência, tecnologia, e gerenciamento de informações no processo produtivo. É esta combinação de fatores, mais que fatores adicionais, que parecem críticos para a geração de riqueza em nossa economia. 4.2. Informação e Inovação Uma nova hierarquia de poder econômico, dependente da informação e da tecnologia esta cada vez menos condicionada ao custo da mão-de-obra e dos insumos naturais. A nova economia depende de uma flexibilidade do processo. A crescente integração das telecomunicações e computação formam a infra-estrutura tecnológica da nova economia global, como as estradas de ferro contribuíram como base material para a formação de mercados nacionais na industrialização do século dezenove. Os produtores industriais das novas tecnologias têm sido os setores de maior crescimento na economia global nos últimos 25 anos. Quanto mais países e regiões são capazes de gerar o desenvolvimento dessas novas indústrias tecnologicamente avançadas, maior seu potencial dentro da competição internacional. As transformações das tecnologias informacionais da economia global pedem um rápido processo de modernização dos setores da economia para que sejam capazes de competir em uma economia aberta. A inovação tecnológica e a aplicação dessas inovações dependem de um processo de aprendizado empírico, criando uma interação sinergética entre projeto, produção e utilização. Todas as divisões técnicas do trabalho se tornam com o tempo uma divisão social do trabalho. A cultura da sociedade tecnológica avançada não pode ser produtivamente consumida se não há um plano significativo de inovação no tecido social. A informática (hard e soft), telecomunicações, engenharia genética, materiais avançados, energia renovável, química fina, processo de informações, bioeletrônica, e muitos outros campos e campos derivados das inovações tecnológicas, fabricação avançada, e serviços tecnológicos, oferecem tantas novas oportunidades que o escopo de uma NOVA GEOGRAFIA INDUSTRIAL, com diferentes níveis de especialização e diversificação desses mercados, é amplamente mais abrangente que o conceito que presentemente é aceito. 4.3. Cidades e Regiões: Os Novos Atores Econômicos O novo espaço industrial, os novos setores, e novas tecnologias de todos os setores formam um novo espaço industrial globalmente interdependente, em "inputs" e em mercados, provocando um processo de reestruturação de dimensões extremamente relevantes que está sendo sentido por cidades e regiões em todo o mundo. Realmente, o paradoxo mais fascinante é o fato que na economia global cuja infra-estrutura produtiva é formada por fluxos de informação; cidades e regiões estão se tornando agentes críticos do desenvolvimento econômico. Mas as regiões e cidades são mais flexíveis em adaptar às condições mutantes dos mercados, tecnologia e cultura. Na verdade têm menos poder que os governos nacionais, mas têm uma capacidade maior de resposta para gerar projetos alvos de desenvolvimento, negociar com empresas multinacionais, promover o desenvolvimento de pequenas e médias empresas, e criar condições que irão atrair novas fontes de riqueza, poder, e prestígio. No processo de geração de um novo crescimento, eles competem entre si; mas às vezes, tal competição torna-se uma fonte de inovação, de eficiência, de um esforço coletivo para criar um local melhor para se viver, este, mais eficiente à criação de negócios. Na sua procura de novas fontes de crescimento econômico e bem estar social, as cidades e regiões são estimuladas negativamente e positivamente pela experiência comparativa internacional. Estas áreas que permanecem enraizadas em atividades em declínio - seja indústria, agricultura, e serviços do tipo antigo, não competitivo - tornam-se ruínas industriais, habitadas por empregados desconsolados ou desocupados, dirigidas por ambientes descontentes e inóspitos. Novos países e regiões emergem como locais bem sucedidos de uma nova onda de inovação e investimento, às vezes emergindo do torpor agrícola, às vezes em cantos idílicos do mundo que recebem dinamismo repentino. Então, Silicon Valley e Orange Country na Califórnia; Arizona, Texas, Colorado, no Oeste americano; Bavária na Alemanha; o Midi francês, de Sophia - Antipolis via Montpellier à Toulouse; Silicon Glen na Escócia; as aglomerações eletrônicas da Irlanda; os novos desenvolvimentos no sul da Europa, de Bari à Málaga e Sevilha; e acima de tudo, os novos países industrializados da Ásia (Korea do Sul, Taiwan, Hong Kong, Singapore, Malayisia) que nas últimas duas décadas surgiram das sociedades agrícolas locais, apesar dos altos níveis de educação estão se tornando economias competitivas baseadas em fortes setores da eletrônica. A formação da imagem tornou-se o foco central na base de uma competitividade bem sucedida na nossa nova economia e cultura. A localização e regiões estão contendo o controle sobre os eventos; eles estão vigorosamente negando que estão condenados à viver de acordo com a velha ordem espacial de divisão do trabalho. Em qualquer processo de competição e iniciativa empresarial, existirá a destruição criativa, como a (com respeitos e desculpas a Shumpeter) criação destrutiva, quando a região baseia seu futuro em produção de alta tecnologia relacionadas à área militar. Ainda, este impulso para inovar e investir numa nova construção de espaços industriais, e por conseguinte produzir uma nova extraordinária onda de reindustrialização global que negando os mitos da pós-industrialização
Dentro desta definição foram incluídas várias tentativas de planejar e promover, dentro de uma área concentrada, tecnologicamente inovativa, a produção relacionada à indústria: parques tecnológicos, cidades científicas, "tecnopolis" e afins. Estas representam uma nova rodada do desenvolvimento econômico e, como nódulos organizacionais, espaços industriais. No plano internacional temos o Silicon Valley, a Route 128 de Boston, o complexo militar-industrial de Los Angeles, o distrito industrial de Tokyo, a Bavária industrial pós 1945. Por meio ambiente de inovação
compreendemos as estruturas sociais , institucionais , organizacionais
, econômicas e territoriais que criam condições
para uma contínua geração de sinergia e investimento
num processo de produção de resultados derivados desta
capacidade de sinergia, das unidades de produção que são
parte do milieu e para este como um todo. Desenvolver este ambiente
de inovação tem se tornado um elemento crítico
para o desenvolvimento econômico, e uma questão de prestígio
social e político. A. TECHNOPOLES "Tecnopolos" são um tipo de complexo industrial, com indústrias de alta tecnologia que são concebidas com base num milieu inovativo. Estes complexos, ligando P&D e a produção são verdadeiros centros de comando do novo espaço industrial. Alguns são criados inteiramente derivados das mais recentes ondas de industrialização global, caracterizados pelas novas empresas de alta tecnologia; a mais proeminente mundialmente conhecida é o Silicon Valley, esta se tornou um mito. Outro exemplo de "tecnopolo" é a rota 128 de Boston. Estes clusters surgiram sem planejamento prévio, apesar de governos e universidades terem crucial participação em seu desenvolvimento. Mas outras experiências são realmente resultado de esforços institucionais conscientes para replicar o sucesso desses exemplos de desenvolvimento espontâneo. B. CIDADES CIENTÍFICAS Elas são complexos de pesquisa científica, sem ligação direta com a produção. Têm o propósito de atingir uma excelência científica através da sinergia que é supostamente criada em seu restrito meio. Como exemplo temos a cidade de Akademgorodok, o experimento japonês de Tsukuba, a criação coreana de Taedok e o novo conceito de cidade científica multinuclear atualmente em desenvolvimento na região de Kansai no Japão. C. PARQUES TECNOLÓGICOS Este terceiro tipo visa induzir a um novo crescimento industrial, em termos de trabalho e produção, atraindo empresas de manufatura de alta tecnologia para um espaço privilegiado. As funções de inovação não são excluídas de tais projetos, mas são principalmente definidos em termos de desenvolvimento econômico. São os chamados "Parques Tecnológicos". Estes são resultado de esforços de ações acadêmicas e governamentais. Como exemplos temos Hsinchu em Taiwan, Sophia - Antipolis na França e Cambridge na Inglaterra. Apesar destes esforços de concentração intelectual e científica, percebemos que a maioria da produção de alta tecnologia surge fora destes centros. Principalmente nas cidades de Tokyo, Paris, London, Los Angeles e Munich. Estas duas últimas ultrapassando no pós guerra as cidades de New York e Berlin, respectivamente. Ultimamente são detectados projetos semelhantes nas cidades de Adelaide e Sevilha, a Adelaide´s Multifunction Polis e a Seville´s Cartuja. 5. A CULTURA DO VALE DO SILÍCIO As revoluções tecnológicas têm sempre estado associadas à história com a emergência de culturas específicas. Estas culturas são ingredientes essenciais na habilidade de inovar e relacionar a inovação às aplicações mais valorizadas em uma dada sociedade, da construção de catedrais ao comércio internacional e à arte militar. A concentração territorial dos processos de inovação em certas áreas chave parecem ser o pré-requisito para o desenvolvimento dessas culturas e à interação positiva entre inovação tecnológica e mudança cultural. No caso do Vale do Silício existe realmente uma forte especificidade cultural nos valores e estilos de vida dos executivos , engenheiros , técnicos , e profissionais especializados que formam a base humana deste precursor ambiente de inovação. Podemos sintetizar a cultura do Vale nos seguintes aspectos : 1- Centralização do trabalho. O Vale do Silício , como a maioria dos centros industriais está longe da imagem de atraso , típica da California. Segundo o Castells, 49,2% dos empregados da área consideram o trabalho mais importante que seus salários e 38,7% definem a satisfação do trabalho como sendo a principal de suas vidas; 59% estão muito satisfeitos com suas funções contra os 46,7% do restante dos EUA. A satisfação cresce de acordo com as horas a mais trabalhadas. O trabalhar dura e intensamente são aspectos da vida no Vale. 2- Para o componente técnico profissional da população empregada existe um sentimento positivo em relação ao trabalho como oportunidade de inovação. Eles têm o perfil da inovação e a ideologia dos inventores. 3- O empreenderismo é uma característica relevante dessa cultura, apesar da maioria das pessoas do local pertencerem a grandes corporações. O modelo padrão continua sendo o jovem líder de empresas, que se torna milionário pela sua capacidade de inovar e por suas ações audaciosas criando novas empresas. 4- Outra característica é a competitividade agressiva, tanto entre indivíduos como entre empresas. 5-Como se pode imaginar, esta é uma cultura de extremo individualismo, possivelmente estimulado pela contínua imigração para a região de milhares de jovens profissionais do mundo todo, atraídos pela "Corrida do Vale". Em 1984, 31% dos profissionais entrevistados nunca se casaram; 15% são divorciados; e somente 20% da força de trabalho tem mais de 45 anos de idade. Este padrão individualista tem conseqüências diretas no mercado imobiliário, no sistema das escolas e no comportamento do trafego, do lazer e da política. O perfil do local é aquele de profissionais individualistas e independentes, de nível cultural elevado, geralmente solteiros e fora da minoria imigratória que luta pelas altas recompensas que acreditam alcançar. Estas estão lá, talvez não para todos, mas sim para o número suficiente delas para se fazer acreditar no potencial da região. 6- Tais expressões culturais têm uma base material: a afluência da área. Há também lados sombrios nesta prosperidade: pobreza, discriminação e exploração, como em qualquer sociedade. Mas a grande maioria usufrui de altos padrões de vida. Tal realidade leva à altas expectativas que demonstram uma crença na população de que seja possível enriquecer ainda jovem. 7- Há uma competição individualista implacável que tem seu custo: o "tecnostress", ou seja, "stress", o desgaste social e psicológico, e todas as suas manifestações. As ocorrências são abuso do álcool e drogas, mesmo dentro do ambiente de trabalho, a ruptura familiar, problemas emocionais nas crianças; etc. O "stress" tornou-se um companheiro indesejável no estilo de vida dessas pessoas, talvez um preço necessário a pagar pelos profissionais que aí encontram seu desenvolvimento. 8- A emergência de subculturas corporativas como lealdade (para 65% dos profissionais contra os 46% em caráter nacional). As empresas incentivam este tipo de sentimento através de atividades recreacionais, flexibilidade em horários de trabalho, e estilos informais de interação pessoal. O objetivo é diminuir o turnover dos profissionais, assim mantendo uma equipe o mais contínua possível, esta representando o maior ativo da empresa. 9-Existe um consumo compensatório a todos os problemas endêmicos, levando a uma extravagância e um comportamento nouveau riche. 5.1. A QUALIDADE DE VIDA NO VALE A intensidade do processo de crescimento põe uma enorme pressão na escassez de terras na região - para desenvolvimento industrial, habitação, equipamentos urbanos, serviços, transporte, circulação e espaço livre. O preço dos terrenos e das casa subiram às alturas, tornando o mercado imobiliário extremamente atrativo, adicionando uma pressão especulativa. A suposta indústria limpa causou sérios problemas de poluição química, algumas despejadas pelo Parque Industrial de Stanford, contaminando as reservas de água em diversas áreas, incluindo bairros de padrão médio - alto, a ponto de provocar sérios riscos à saúde. Os moradores reagiram contra novos empreendimentos na área, na tentativa de conservar o padrão de qualidade que originalmente os atraiu. O modelo de segregação especificou quatro pontos principais: as encostas Western; imediatamente ao sul de Palo Alto o condado North; o núcleo do cinturão industrial high tech; mesclando empresas e áreas residenciais de padrão médio; a área de San Jose, típica dos profissionais menos qualificados, vem oferecendo cada vez mais serviços de suporte à região; e outras mais distantes, ao sul do Condado, onde outros profissionais se direcionam. A estrutura, altamente segregada em termos de atividades e residência, causou sérios problemas de transporte acarretando em imensos congestionamentos. A criminalidade é o maior problema, como em todas as áreas metropolitanas dos EUA. O fluxo contínuo de profissionais para a região pode comprometer a sua magnificência. Existe um modelo de formação de um centro tecnológico, respeitadas as características do local. Dentre as características locais temos: 1- A nova matéria prima, que é o conhecimento tecnológico, e informações tecnológicas avançadas em eletrônica, geradas dentro e difundidas pela Stanford University. 2- Capital de alto risco proporcionado por investimentos diretos de capital ou indiretamente , pela garantia de mercados da área militar para equipamentos ainda não testados. O apoio do Governo Federal proporcionado por estes mercados e provisões para pequenas empresas foi essencial à formação do Vale do Silício. 3- A viabilidade de trabalhos de alta qualificação científica e técnica nas áreas de Stanford, Berkeley, San Jose e Santa Clara. 6. Reindustrialização de alta Tecnologia Na década de 1975 a 1985 ocorreu um processo de intensa reindustrialização na história econômica americana. Durante os anos de 1975/80, a Grande Boston ganhou 222.000 novos postos de trabalho na indústria, a maioria em fábricas de alta tecnologia. Grande parte dessas fábricas localiza - se na route 128 de Boston, cinturão do subúrbio original da cidade que liga 20 cidades, a maioria de atividade industrial originária da antiga área industrial. Em 1980 existiam em Boston 900 estabelecimentos industriais de alta tecnologia, empregando mais de 250.000 trabalhadores, além de outras 700 empresas de consultoria e serviços tecnológicos, fazendo de Boston o terceiro complexo tecnológico nos Estados Unidos, depois do Sul da Califórnia e do Silicon Valey. O ramo de computadores simplesmente explodiu no final da década de 70, crescendo à uma taxa de 43% anuais de 1976 a 1982. A indústria de computadores foi responsável por 70% do crescimento na indústria de alta tecnologia e 45% dos postos de trabalho criados neste período. O crescimento de computadores na região se deve principalmente ao segmento de mini computadores. Como exemplo temos a Data General, Wang Laboratories, Prime Computer Digital, Computervision. A maioria destas empresas eram novas, recém criadas por engenheiros e cientistas graduados pelo MIT, e alguns poucos de Harvard, ou mesmo por profissionais provenientes do Silicon Valley. O fato desta reindustrialização acontecer a partir da indústria de alta tecnologia se deve ao fator da proximidade de um grande número de centros acadêmicos e à concentração de talentos de engenharia. Realmente, na região existe uma concentração de 65 universidades e faculdades e como exemplos mais notórios temos o MIT, Harvard, Amherst, Tufts, e Brandeis, além de Boston University, University of Massachusetts, Northeastern University e muitas outras. Em toda a região da Nova Inglaterra tínhamos em 1980, 800.000 estudantes universitários em cursos de graduação e pós-graduação. Fator crítico desde que 33% da força de trabalho da indústria de computadores depende desses profissionais. A região primeiramente se desenvolveu através dos gastos militares, mas depois ganhou impulso em outros mercados. Mas na década de 80 com as quedas na demanda na indústria de computadores, novamente a área militar expande seus investimentos, principalmente em pesquisa e componentes. O que foi abruptamente interrompido em 1989 pelo fim da Guerra Fria , o que levou a indústria a demitir cerca de 60.000 trabalhadores em 3 anos. A estrutura da região é muito menos diversificada na indústria de alta tecnologia que o Vale do Silício ou outras áreas de alta tecnologia. O fabrico de computadores é sua principal atividade. E, dentro de computadores, particularmente os PCs. Isto demonstra uma certa falta de flexibilidade comercial. Sua estrutura industrial precisa se adaptar às novas características da tecnologia e à crescente competição internacional, com o Japão, a Europa e os NICs asiáticos, todos novos atores na concorrência deste mercado global. 7. CIDADES DE CIÊNCIA Cidades Científicas são novos agrupamentos, geralmente planejados e construídos por governos e que visam a geração de excelência tecnológica e atividades de pesquisa que aproveitam da sinergia gerada pela grande concentração de organizações de pesquisa e cientistas dentro deste espaço urbano de alta qualidade. O que caracteriza as Cidades de Ciências, em contraste com outros centros tecnológicos, é o seu foco voltado para as ciências e pesquisas, independentes do imediato impacto do ambiente produtivo. São sempre mostradas como ferramentas de desenvolvimento regional, tendo o papel de oferecer maior descentralização nas pesquisas científicas, com todo o prestígio que se possa envolver, para a periferia nacional ou ao menos a periferia metropolitana. Construir uma comunidade de pesquisadores e acadêmicos, isolada do resto da sociedade - ou ao menos dos vibrantes centros urbanos - dentro de uma antiga idéia fixa das sociedades ocidentais vai de encontro à antiga tradição medieval dos monastérios como ilhas de cultura e civilização em meio a um oceano de barbarismo. A construção destes espaços significa um distanciamento da sociedade como um todo dos conflitos do cotidiano e interesses desconexos, longe do mundo mundano com sua materialidade superficial. Simultaneamente, a reclusão espacial interna supostamente promove a coesão das redes intelectuais que irão emergir, consolidar, e reproduzir de um milieu científico, com sua própria gama de valores e mecanismos, para promover o avanço coletivo do questionamento científico. Mais do que freqüente, empresas privadas e eventualmente instituições são chamadas para se coligar a centros públicos de pesquisa e universidades, no estabelecimento de Cidades de Ciência, concentrando recursos científicos no espaço e no tempo, aumentando a sinergia, ganhando visibilidade e gerando uma cultura acadêmica. Sua localização espacial é mais fácil de manipular que as decisões de investimento de corporações privadas. É o caso de Akademgorodok, perto de Novosibirsk (Rússia), Taedok Science Town (South Korea), Tsukuba Science City ( próximo a Tokyo), Kansai Science City (entre Kyoto, Osaka e Nara).
Os primeiros edifícios - centros de pesquisas, uma nova universidade, e áreas residenciais com amenidades urbanas - foram completadas em 1964. Ao redor de 7.500 cientistas, 3.500 estudantes, e 1.500 pessoas administrativas, além de milhares de trabalhadores e técnicos empregados pelos centros de pesquisas, foram transferidos para a cidade. Akademgorodok tornou-se uma cidade, com uma paisagem agradável com largas avenidas que cortam a floresta e construções de mais qualidade do que as da era Stalinista. Grandes conquistas científicas surgiram de seus centros de pesquisa e a universidade treinou os melhores cientistas da Sibéria. 7.1.1. O planejamento da cidade A construção de Akademgorodok começou em 1957, e seu primeiro estágio terminou em 1964. De fato, a maior parte da cidade foi construída nesta fase, durante os anos 60, quando então a expansão foi desacelerada. O planejamento foi estritamente funcional, estabelecendo uma distinção entre três tipos de zonas: 1 - A zona dos institutos científicos (dependentes da Academia de Ciências) 2 -Uma área de universidade para receber a Universidade Estadual de Novosibirsk. Adjacente aos prédios da universidade existiam dormitórios de estudantes, cuidadosamente separados de outras áreas residenciais, evitando o contato entre cientistas e estudantes, que na verdade não se misturavam. 3 - Zonas residenciais com aguda diferenciação entre: a. Chalés residenciais de alto padrão para acadêmicos e destacados professores, com lojas e centros de lazer adjacentes. b. A "zona superior", com prédios de padrão mais baixo, intencionalmente projetados para padrões mais baixos mas de qualidade razoável, destinados a cientistas de nível médio. c. A "zona mais baixa" com prédios de padrão baixo, feitos para abrigar trabalhadores de construções e trabalhadores manuais de institutos de pesquisa. No planejamento inicial, foram projetados pontos de encontro, ginásios esportivos, um estádio, uma piscina, uma casa da juventude, uma escola de música, um hotel, e outras facilidades. Muitas dessas idéias, porém, não saíram do papel. Em 1990, os principais pontos sociais eram um clube social de serviços múltiplos ligado à academia de ciências, um restaurante de alto padrão e algumas cantinas de estudantes que não vendiam bebidas à base de álcool. O hotel, também ligado à Academia, só permitia convidados. Um dos tópicos principais do projeto de Lavrentiev era a localização de empresas industriais próximas, permitindo o intercâmbio entre pesquisa e produção. Entretanto, os ministérios representantes dessas industrias decidiram a agir de outro modo, desde que cada empresa quisesse contar com o seu próprio instituto de pesquisa, não na Academia de Ciências. Desse modo Akademgorodok ficou sem uma zona industrial. Anos mais tarde, um número considerável de empresas decidiu localizar suas unidades de produção na área da cidade para aproveitar das vantagens de terra e transporte. Por conseguinte, como outras novas cidades científicas no mundo todo, Akademgorodok está se tornando um subúrbio. A diferença, comparada com a maioria dos subúrbios, é que os urbanistas e planejadores não proporcionaram virtualmente nenhum transporte para a cidade. 7.2. TAEDOK - SOUTH KOREA A Korea do Sul é um país
que, no último quarto de século, teve o maior avanço
industrial e tecnológico. De uma indústria atrasada, tornou-se
uma grande força na fabricação de eletrônicos
e em algumas áreas de pesquisa e design na informação
tecnológica. O Governo exerceu um direcionamento estratégico sobre o desenvolvimento tecnológico e econômico em caráter nacional, particularmente através do Conselho de Planejamento Econômico. Entretanto, o planejamento social e territorial não foi uma das prioridades, apesar de existir no papel visando uma descentralização das atividades econômicas e equilíbrio regional, os esforços neste sentido foram precários. Particularmente a produção com alta tecnologia ficou concentrada na Capital regional (área de Seoul - Incheon - Kyonggi), que, em 1987, contabilizou 43,6% da produção industrial. A concentração das funções de Pesquisa & Desenvolvimento são ainda maiores. O governo estava ciente da necessidade de descentralização regional , particularmente no contexto de nítida rivalidade regional na política da Korea do Sul. Então, dado o valor simbólico das facilidades físicas de P&D, no início dos anos 70, o presidente Park em pessoa, tomou a decisão de propor uma nova cidade de ciências a ser construída no Sul do país, num local ainda sem desenvolvimento, no coração do país: a Taedok Science Town estava nascida. 7.2.1. A visão da realidade Taedok foi inteiramente concebida, construída, e por muitos anos administrada pelo Governo Central e suas agências locais subordinadas a ele, através do Ministério das Ciências e Tecnologia. Localiza-se a 160 Km ao sul de Seoul, perto de Taejon no meio do campo da Korea. Está à duas horas de trem de Seoul, existindo também um trem rápido de Seoul à Taejon. A cidade científica tem um nível aceitável de infra-estrutura de telecomunicações, conectando Taedok a uma rede internacional automática. Cobre 1.134 acres (2.800 hectares), dos quais, 46% são destinados a instituições de pesquisa e campus universitário, 7% com o propósito residencial de unidade espacial com particularidades distintas, inteiramente segregada da cidade de Taejon (1 milhão de habitantes), distando desta 30 Km. Em 1988 havia somente dois acessos, ambos patrulhados pelo exército e com pontos de controle nas estradas. As construções são de boa qualidade em toda a região, localizada no meio de uma vasta área verde com florestas e jardins. O local é verde e composto de colinas, e agradável sem ser no entanto bonito. Existem algumas áreas de alta classe, com comodidades unifamiliares para diretores e cientistas seniores dos institutos de pesquisa. A qualidade das residências e equipamentos urbanos é incomparavelmente superior que o de Seoul. Mas a cidade foi projetada para baixas densidades e com isto parece desprovida de vida urbana, pelo menos quando o autor a visitou em 1988. A principal atividade social se realiza em Younhson, cidade a 5 Km de distância, com poucos restaurantes e bares que proporcionam os únicos pontos de encontro da área. O projeto principal de Taedok foi aprovado em 1973, a construção começou em 1974, e os primeiros institutos se mudaram para lá em 78, com a implantação de quatro institutos de pesquisa do governo vindos de Seoul. No ano de 1985 aconteceram problemas na zona oeste da cidade, primeiro estágio de construção. Em 1986 a construção começou no setor leste, segundo estágio. A finalização do complexo inteiro, como inicialmente planejado, foi marcado para 1992. Com isso passaram-se 20 anos para se completar o projeto. Em 1988 Taedok abrigava 7.000 cientistas, técnicos e pessoal relacionado à pesquisa. Quando o projeto ficou pronto foi possível abrigar 50.000 pessoas, das quais 10.000 relacionadas a ciências e 10.000 unidades residenciais. Parte da força de trabalho, particularmente a manual e de serviços, está localizada fora da cidade e comutarão. O que tornará da cidade uma unidade altamente seletiva na área residencial reservada a cientistas e administradores que poderão aproveitar de excelentes escolas para suas crianças e serviços de melhor qualidade que teriam em Seoul. Em 1988 Taedok possui não menos do que quatorze institutos e três universidades. Nove destes institutos têm participação governamental, sendo que apenas três são privados. Mil PhDs trabalhavam nestes institutos em 1988. As três universidades são altamente especializadas, uma em serviços de computação, outra em ciências e a última em engenharia. Um dos problemas foi abrigar cerca de 10.000 estudantes dessas universidades. A cidade é servida de um Centro de Multiserviços de 3.800 metros quadrados e 30 unidades de serviço dentre as quais: hospital, cafeteria, correio, banco, farmácia, shopping centre, livraria, e restaurantes. Existe uma piscina indoor, e um campo de golfe estava em fase de projeto. Todo o complexo foi concebido com um novo conceito espacial, desenvolvido pelo governo da Korea, a de "tecnotopia". Não existe na região nenhuma atividade agrícola ou industrial e não existe nenhuma conexão de atividades de pesquisa na cidade e produção na área ao redor, particularmente em Taejon, uma cidade relativamente industrializada. A Divisão de Desenvolvimento, encarregada em construir a cidade implementou o plano diretor. Também coordenou todas as agências governamentais envolvidas nas construções da cidade, e proporcionou material de suporte para o funcionamento dos institutos. O Conselho Administrativo coordena e administra as unidades residenciais e serviços de apoio. O orçamento é decidido em Seoul pelo Conselho de Planejamento Econômico depois de consulta ao Ministério da Ciência e Tecnologia. A cidade de Taejon está encarregada da construção e manutenção de estradas de acesso ao complexo, bem como a provisão e manutenção de abastecimento de água e saneamento. O Ministério da Construção está encarregado de trabalhos públicos dentro da cidade e a eletricidade e telefonia são providenciadas por companhias públicas. O Governo praticamente forçou institutos de pesquisa públicos a se mudarem para Taedok caracterizando o empenho governamental do empreendimento, ao invés de um empreendimento privado. Considerando a lista de queixas sérias de seus pesquisadores, temos como conseqüência o fato de muitos deles deixarem suas famílias morando em Seoul e comutarem nos fins de semana. Apesar da baixa qualidade de vida na capital, a verdadeira "tecnopolis" coreana é Seoul e neste contexto Taedok aparece apenas como uma iniciativa política. Taedok não é uma cidade viável nem do ponto de vista científico nem urbanístico . Muito disto ocorrido pela falta de sinergia entre os institutos de pesquisa, pela falta de personalidade do local e pela falta de ligação e feedback entre pesquisa e indústria. Isto se deve principalmente ao fato de Taedok ser bastante isolada. 7.3. TSUKUBA : JAPÃO O Japão fez duas grandes tentativas para construir uma Cidade de Ciências. A primeira, Tsukuba, concebida nos anos '60, foi originalmente um esquema promovido totalmente pelo governo, e parece haver uma grande gama de dificuldades em alcançar objetivos originalmente estabelecidos. A segunda, Kansai, é um esquema dos anos '80, apesar de ser promovida por prefeituras locais, foi financiada por entidades privadas e desponta como um grande sucesso. Tsukuba é localizada a 40 Km a Nordeste de Narita, aeroporto internacional de Tokyo. Apesar do público externo associar este empreendimento com o programa de "tecnopolis" japonês, ela foi construída anteriormente, com propósitos diferentes, apesar de depois servir como modelo para muitas "tecnopolis". É um centro de pesquisa nacional, engajado em pesquisa básica, com laboratórios do governo. Este é um grande empreendimento, cobre 28.559 hectares, aproximadamente a área de 23 distritos de Tokyo. Um núcleo de 2.696 hectares correspondendo à 1/10 da área da cidade, é chamado de "Distrito de Pesquisa e Educação" e é desenvolvido para abrigar institutos educacionais e de pesquisa, facilidades comerciais, e habitação. Ao seu redor, a área restante constitui o "Distrito Suburbano Circundante", e é desenhado para acomodar equipamentos privativos de pesquisa e indústrias que visam desenvolvimentos futuristas enquanto preserva a área agrícola e possui um ambiente natural de alta qualidade. Tsukuba tinha uma população
de 162.189 em 1989: 46.096 ( 28,4%) no distrito de educação
e pesquisa, e 116.189 (71,6%) no distrito suburbano. Dos residentes
2.000 eram estrangeiros, e outros 1.800 visitantes pesquisadores, de
curta permanência, especialmente de outros países asiáticos. A Exposição de Ciência e Tecnologia teve lugar em Tsukuba; firmas particulares queriam estar localizadas a uma hora de Tokyo, sem maiores problemas de transporte e foram encorajadas a investimentos em infra-estrutura - particularmente uma expressway - feita para a exposição. A tendência e o apoio político permitiu empresas privadas utilizarem as facilidades dos institutos nacionais, e promover o intercâmbio de pessoal e compartilhamento de patentes entre institutos nacionais e empresas privadas. Mais de 200 facilidades de pesquisa estão agora estabelecidas ou em vias de se estabelecer na região. Em Janeiro de 1989, oito parques de pesquisa industrial, especialmente desenvolvidos para investidores particulares, estavam sendo desenvolvidos na cidade. Um sistema de TV a cabo, fornecido através da Tsukuba Science City Community Cable System Consortium (ACCS), serve aproximadamente 25.000 habitantes de Tsukuba. Isto permite não somente a recepção de 32 canais, incluindo a programação via satélite bem como informações e notícias locais; no futuro este sistema também dará acesso a sistemas mais avançados utilizando o sistema de comunicação de interação - provedor - cliente. Um sistema local conectando computadores pessoais em cada facilidade com um mainframe no Tsukuba Centre para Institutos, é planejado e está em fase experimental. Com todas essas benesses o preço da terra subiu com a onda especulativa, apesar de alguns problemas enfrentados pelos institutos de pesquisas. Um deles é a extrema verticalização de integração característica das agências governamentais, que previnem os institutos de pesquisa de compartilhar instalações, levando a uma excessiva duplicação de equipamentos. Tem ocorrido uma parca integração entre pesquisa pública e estabelecimentos científicos de um lado, e empresas do setor privado do outro, levando à falta de pesquisa conjunta e intercâmbio entre empresas e atividades. Mesmo hoje, a cidade é conhecida por muitos pesquisadores como uma ilha isolada, remota da sociedade humana normal. Tsukuba é um local difícil de obter informação e suporte de pesquisa : um estudo mostra que somente 8.8% da informação essencial de pesquisa é desenvolvida em Tsukuba, contra 23.1% de Tokyo. A maior parte dos institutos de pesquisa tendem a rigidez institucional, o que não ajuda em inovação e empreenderismo. Primeiramente pensou-se haver abundância
de espaço, mas agora percebe-se que seria necessário uma
expansão e remanejamento. Primeiro o Governo comprou uma grande
gleba de terra e doou à Agência de Reestruturamento de
Terra, que as vendeu aos institutos; mas agora a única área
disponível é a área da Expo, que irá para
o setor privado. Será preciso reconstruir "in loco".
Do lado positivo, os administradores estão começando a enxergar alguns lados positivos. Um deles é que são as melhores instalações físicas, advindas de um esforço de se renovar instalações, que em outros lugares estavam defasadas, ou introduzir novos equipamentos e em larga escala, além do incremento do espaço em metragem quadrada. Além disso, redes de computadores foram construídas ao redor de mainframes dentro dos parques de pesquisa da Agência de Ciências e Tecnologia Industrial, e o Ministério de Agricultura, Florestas e Pesqueiro; redes que permitem processamento eficientes, arquivamento de dados e uso de data bases. Outra vantagem é o crescente avanço na troca de informações entre os pesquisadores e os institutos de pesquisa: o número de conferências e simpósios no local aumentou. Mais importante foi a aglomeração dos institutos de pesquisa que promovendo pequenas reuniões entre pesquisadores em Tsukuba, que antes eram difíceis de acontecer devido à dispersão espacial de Tokyo. Uma universidade foi transferida de Tokyo para Tsukuba. Nela a Fundação Internacional de Ciências foi estabelecida pelo Ministério de Educação para ajudar a desenvolver as relações indústria/academia, proporcionando uma maior interação entre os setores público e privado, encorajando medidas de incentivo legislatico como o research Exchange Promotion Act. Foi constuído um Centro de Suporte de Pesquisa de Tsukuba por um consórcio, uma coligação público/privada, voltada a promover facilidades essenciais para abrir laboratórios e intercâmbio de pesquisas, juntamente com "incubadoras" para empresas novas, pavilhões de exposição e programas in-house (administração e marketing compartilhados pelas incubadoras). A idéia é que com isso se possa alcançar serviços que de outra forma seriam inalcançáveis para pequenas empresas. Estabelecido em 1978, o Centro primeiramente trabalhou para desenvolver locais de encontro e meios de troca, apoio logístico, data base, ligação com outros institutos de pesquisa. Uma questão chave sobre Tsukuba é até que ponto será criada sinergia entre institutos de pesquisa, a universidade e pesquisadores e pesquisa gerada. O principal problema reside na falta de conexão com a indústria privada. 8. Parques Tecnológicos: induzindo a um novo espaço Industrial Os parques tecnológicos têm se tornado uma política de desenvolvimento regional econômico em voga. O objetivo de concentrar em uma área designada um número de empresas industriais de alta tecnologia que irá proporcionar empregos, desenvolvimento de técnicas e eventualmente irá gerar retorno financeiro suficiente e demanda de para sustentar o crescimento econômico, em uma região que está procurando sobreviver em novas condições de concorrência internacional e produção, baseadas na informação. A ênfase é dada à manufatura, embora algumas se especializem em P&D voltada aos componentes da fabricação. Os Governos, sejam nacionais, regionais ou locais, tendem a ter um papel decisivo no projeto e desenvolvimento de parques tecnológicos, mas a meta universal dos projetos é atrair investimentos através de empresas particulares. Os governos usam incentivos fiscais, oferecem facilidades e infra-estrutura produtiva, acomodando quesitos específicos de demanda dessas empresas, procuram aprimorar as telecomunicações e transportes, ajudando a criar instituições de ensino e treinamento, e a trabalhar duro para criar uma imagem favorável do parque, usualmente melhorando o ambiente e desenvolvendo campanhas de relações públicas. Enquanto o nível tecnológico de uma empresa é freqüentemente um critério importante para a admissão no parque, os padrões pelos quais os parques são julgados, e seu sucesso depende disso, pode ser diferente na prática: criação de empregos, ambos em qualidade e quantidade, e a importância de investimentos têm um campo vasto. Ultimamente, os parques tecnológicos mais parecem distritos industriais recém desenhados do que um milieux inovativo. Conclui-se que quanto mais alto
o nível tecnológico da empresa, maior a capacidade de
crescer e competir na nova economia. Mas é a competição
industrial, mais do que a qualidade científica, que permanece
como meta fundamental de um projeto de parque tecnológico. Sophia-Antipolis, na Riviera Francesa, é um dos muitos difundidos parques tecnológicos, que combinam o ramo Europeu de corporações multinacionais, pequenas e médias empresas, e grandes centros públicos de pesquisas e universidade, sob os auspícios das autoridades públicas regionais. O fenômeno Cambridge construído ao redor do parque de ciências de Cambridge na Inglaterra é uma derivação semi-espontânea das principais universidades de pesquisa, que criaram um complexo tecnológico consistido essencialmente de pequenas e médias empresas. O Hsinchu Park, em Taiwan ilustra um projeto Governamental nacional para atrair empresas estrangeiras para uma nova área, construídas no entorno de centros de pesquisa e universidades, com o intuito de difundir o know-how industrial e tecnológico em redes de empresas locais, como uma forma de incrementar a estrutura industrial Taiwanese. 8.1. SOPHIA-ANTIPOLIS Sophia-Antipolis, é um parque tecnológico internacional situado perto de Nice na Côte D'Azur, é um exemplo clássico de uma "tecnopolis". O European Smart Site ( "Le Site Intelligent d´Europe ") e "Uma "tecnopolis" para o século XXI... Sob os céus ensolarados da Riviera Francesa, entre Nice e Cannes, uma Tecnopolis para toda a Europa" (CASTELLS), abriga 400 empresas e 9.000 trabalhadores em um local com 2.300 hectares, num parque de paisagem exclusiva e única, com uma possibilidade de expansão de mais 1.600 hectares e 25.000 novos postos de trabalho para o ano 2000, todos servidos por uma rede de telecomunicações avançada, e localizada a apenas 18 Km do segundo maior aeroporto internacional da França. Pierre Lafitte, tem uma visão notória: "a cidade de ciências, cultura e sabedoria a ser criada no planalto de Valbonne - o único espaço significativo a ser desenvolvido em toda a Côte d´Azur, que até então carecia de acessos e serviços básicos. A decisão de se desenvolver foi tomada há um ano antes; por volta de 1972, consultores tinham desenvolvido um plano de ocupação do solo com 1/3 do espaço reservado para uma mistura de tecnologia inovativa, habitação e atividades de vivência, deixando os restantes 2/3 como cinturão verde, com topos de colina descampados. Este respeito estrito pelo meio ambiente trouxe um desenvolvimento de alta qualidade". Mas durante grande parte dos anos
70, o progresso foi lento; Sophia-Antipolis era vista como uma ilha
de alta tecnologia, desconexa do resto da região. Em 1972, um
Comitê Interministerial Nacional aprovou o projeto , que envolveu
diversificação da economia, criação de empregos,
preocupação com o ambiente que declarou Sophia-Antipolis
um "Interesse Nacional", uma designação que
proporcionou uma maior abertura de investimentos. A Agência Nacional
para o Planejamento e Desenvolvimento Regional, a DATAR, era favorável,
mas outros ministérios mostraram-se menos dispostos a cooperar,
muitas vezes tomando atitudes hostis, o que resultou num minguamento
de investimentos no primeiro estágio. Originalmente as companhias estavam ocupadas com sua própria infra - estrutura mas não pagavam impostos, então o financiamento através da venda de terras; gerenciamento de estradas, florestas e equipamentos é controlada pelas comunas, mas na realidade Sophia - Antipolis tem sido parceiro dessas companias, que formaram o Clube Administrativo, pressionando-a a manter a qualidade. Incentivos se formam de equipamentos - cabos de fibras óticas para telecomunicações, e centros de pesquisas avançados em telecomunicações. Por volta de 1989, Sophia-Antipolis
abrigou 400 empresas empregando aproximadamente 9.500 trabalhadores;
70% high tech. O parque tem um forte caráter internacional: a
maioria das empresas traz seus engenheiros das mais diversas partes
do globo; apenas 10% da força de trabalho habita a região;
a maioria das pessoas comuta. Atividades de pesquisa , educação e treinamento empregam cerca de 2.500 do total de 9.500 trabalhadores. A École Nationale Supérieure des Mines, a Universidade de Nice e as Faculdades Avançadas de Treinamento como o ESSTIN, CNAM, ou CERICS somadas ao grupo CERAM criado pela Câmara de Comércio e Indústria para Nice - Côte D´Azur - oferece mestrado em associação com a escola de Nice de estudos Comerciais Avançados, além da Université de Nice - Sophia-Antipolis, Institut Universitaire de Technologie, e muitas outras de renome. No início dos anos '90, uma expansão de 5.000 acres foi planejada ao Norte; a sensação é que progressivamente, o parque iria se tornar um sistema de auto sustentação, espalhando-se na área circundante e eventualmente desenvolvendo-se no eixo " Sunbelt" de barcelona a Turin. Sophia-Antipolis descobriu ter um sistema de estrutura dual, com um parque de prestígio para multinacionais estabelecidas, e um centro de incubação, ambos em pesquisa básica e administração para pequenas e médias empresas (SME's). A primeira estrutura atrai firmas estabelecidas por imitação, reforço, e imagem; gera a maioria dos postos de trabalho. A segunda, em contrapartida, depende de um aprendizado coletivo através da comunicação e do lançamento de novos projetos; não tem sido muito bem sucedida na geração de uma massa crítica de novas pequenas e médias empresas. Perrin sugere que esta estrutura dual possa ter realmente inibido o intercâmbio necessário, tanto verticalmente entre P&D e produção, como horizontalmente entre setores. "A experiência de Silicon Valley e Cambridge", argumenta, "mostra que o processo de incubação é de longo prazo. Regionalmente na Côte d´Azur, o tecido industrial high tech é fracamente desenvolvido; existe um fraco sistema de terceirização, o que leva médias e pequenas empresas a ter desvantagem competitiva; o que leva a custos - de terra, manutenção, trabalho qualificado - que são muito caros, e faltam serviços básicos, ambos tecnológicamente (laboratórios de testes) e organizacionais (capital de risco, marketing)". Desde que as grandes empresas proporcionam remunerações generosas e facilidades para seus pesquisadores, que por conseguinte não se estimulam a sair e abrir suas próprias empresas, logo a P&D continua interna nessas empresas. Então, apesar das estruturas de incubação estarem no local através de órgãos de pesquisa e educação , suas operações são limitadas pela estrutura que provém do ambiente global - nacional. Perrin afirma que existe um caminho para evitar este círculo vicioso. È um sinal promissor que Sophia-Antipolis venha desenvolvendo uma cultura científica comum, um conceito comum com a atenção em pesquisa, um foco comum em inovação. "Firmas estabelecidas", argumenta, "agora precisam administrar inovação através de acordos com universidades, laboratórios e outras células de tecnologia. Isto poderia ser encorajado através de joint ventures entre laboratórios existentes e empresas privadas, e a criação de algumas centrais de serviços de aconselhamento para SMEs através de existentes Centros de Estudo e Pesquisas e Administração". Esta última noção parece estar completada pelo stablishment (sistema administrativo) - no início de 1985, com a ajuda do Département des Alpes Maritimes e a Fundação Sophia-Antipolis - de uma pépenière (incubador de negócios) o CAT, formado por jovens empreendedores de serviços administrativos, e relações com a rede de especialistas científicos, técnicos, comerciais e administrativos. 9. Metrópoles como milieu inovativo Fontes de inovação tecnológica provaram ser altamente resilientes (resistentes) a todas as tentativas de mudá-las. O Vale do Silício foi uma grande exceção histórica, simplesmente porque era nova; pela primeira vez um milieu inovativo foi criado deliberadamente pela ação humana, num local em que parecia não ter nenhum pré - requisito normal. O primeiro seria uma cidade surgida às margens do núcleo econômico do mundo, contendo algumas vantagens de propinqüidade aos centros existentes, mas ao mesmo tempo livres de suas tradições e impedimentos herdados. Como exemplos temos Manchester em 1770, Detroit em 1900 e Glasgow em 1950. Todas essas, é necessário destacar, eram cidades de quintessências do laissez-faire: tiveram seu surgimento em origens lógicas e estavam associados com atores individuais particulares explorando condições estruturais particulares em determinados pontos no tempo, mas que não tinham qualquer ligação com o processo de planejamento. O segundo seria a grande estrutura metropolitana existente na cidade, onde tradições de habilidades de manufatura estavam aliadas com as novas demandas vindas das forças comerciais e do estado, criando demandas de avanços científicos e esforços militares. Berlin entre 1880 e 1914, foi o Silicon Valley da época. Mas algumas dessas características eram compartilhadas por Londres, Paris e New York no século XIX e por Tokyo no século XX. Deste grupo de cinco cidades, Berlin perdeu sua posição depois de 1945, puramente pelos resultados da política mundial; Munich foi a beneficiária. E a grande região de New York não conseguiu manter sua posição após 1945, perdendo espaço para o Sul da Califórnia. Mas Londres, Paris e Tokyo são fundamentais para nosso estudo. Primeiro por que, em graus variados, adaptando-se às variações nas circunstâncias das tradições da nova indústria tecnológica: na década de 1880 e 1890, a engenharia de precisão cedeu lugar à engenharia elétrica, na década de 1960 e de 1970, esta cede, por sua vez, seu lugar à eletrônica. Conseguindo, com isso, adaptar às mudanças e manter sua posição na indústria como centros de desenvolvimento científico em suas respectivas economias nacionais. E também, por que assim sendo, elas de fato mudaram suas geografias econômicas internas: começando por bairros altamente artesanais do centro das cidades, e espalharam-se em cinturões e corredores industriais descentralizados. Entretanto, existe uma questão central: em que sentido esses gigantes complexos urbanos representam o milieu inovativo genuíno? Que sinergias geram entre os estabelecimentos e instituições incorporadas, como aquelas em que a tradição de inovar constantemente renova a própria instituição de década em década e de geração em geração? Sem dúvidas, na sua origem elas todas tinham estas características; a questão é até que ponto na mudança de uma produção artesanal de pequena escala para grandes corporações multinacionais, conseguiram manter as características. 9.1. LONDON O lado oeste da região de Londres - variavelmente definido como "Corredor Oeste", "M4 Corridor", "Western Crescent" e "Western Sector", e compreendendo alguns condados imediatamente à sudoeste, oeste e noroeste de Londres, entre 35 - 80 Km de Piccadilly Circus, está localizado o núcleo de alta tecnologia da economia Britânica. É importante notar que a Inglaterra não é mais um grande centro tecnológico comparado a outros locais na Europa e no mundo. E sua participação neste mercado diminuiu durante toda a década de 1970. Apesar disto o Western Sector de Londres representa um longo e contínuo momentum inovativo, e por esta razão importante. Suas origens, e seu contínuo crescimento deve pouco a ações planejadas e deliberadas no sentido convencional. O início se deu através de pequenas oficinas artesanais em determinadas regiões artesanais perto da Londres central, no final do século XVIII, desenvolveu-se como produtora de instrumentos científicos específicos e máquinas de precisão. Uma delas perto de Clerkenwell imediatamente ao norte da cidade de Londres, especializada em relógios, até ser praticamente destruída pela competição da Suíça durante o correr do século. Outra mais relevante para a história, estava localizada em Pimlico, perto da central do governo de Westminster, vindas de Lambeth, imediatamente do outro lado da margem do rio. Apesar deste complexo nunca ter sido analisado adequadamente, parece claro que tinha estreitas relações com as novas instituições científico - tecnológicas que estavam sendo estabelecidas em quadras perto do Parlamento, como o Instituto de Engenheiros Civis e o Instituto de Engenharia Mecânica. Estava localizado num terreno pantanoso, de baixo custo, o South Bank of the Thames, então maior concentração de ateliers de engenharia, grandes e pequenos, em toda Londres. A Segunda Grande Guerra trouxe uma rápida conversão da tecnologia para a área militar, acarretando numa dispersão da cidade por razões estratégicas. Já na era da Guerra Fria dos anos 50, o rearmamento expandiu a demanda de produtos eletrônicos das empresas que tinham diversificado no ramo durante a guerra, vindo diretamente do rádio (de guerra), gramofone e empresas de lâmpadas, que se mudaram em busca de espaço. Nessa época, o Green Belt, estabelecido ao redor da capital como parte do pacote de planejamento regional do pós guerra, provou ser uma barreira, levando as empresas a se transferirem para condados a Oeste - em Hampshire, Berkshire e Buckinghamshire, distantes cerca de 100 Km. Esta não pode ser uma explicação completa: muitas das empresas elétricas do entre guerras, crescendo de suas origens em Clerkenwell, mudaram para o norte, não oeste, de Londres; logicamente, deveria ter ocorrido um crescimento igual naquela direção. Um outro fator, em termos de estabelecimentos de Pesquisa Governamentais (mais especificamente defesa), é que já estavam localizadas a oeste de Londres, antes da Segunda Grande Guerra, mas tinham se expandido durante a guerra e nos anos 50. A localização destes estabelecimentos formam um episódio particularmente intrigante na história econômica. Todas essas empresas parecem ter suas origens na expansão provocada pela antiga estrutura militar em localizações tradicionais, crescendo no mesmo eixo, ou nas suas proximidades. Os maiores estabelecimentos navais estavam localizados em Portsmouth ou arredores, lar da Royal Navy desde o século 16, e em Weymouth; a Royal Aircraft Establishment em Farnborough, Hampshire, mais significativo em termos de contratação, iniciado em 1892 como escola militar e associado à fábrica perto de Aldershot, a Atomic Energy Research Establishment, foi estabelecida em Harwell em Oxfordshire durante a Segunda Grande Guerra, por motivos de segurança. Esses passos parecem ter sido aleatórios. Mas não o foram inteiramente. Como capital, Londres foi o centro do sistema científico e militar. As principais bases do exército e marinha, em Aldershot e Portsmouth , estavam localizados a oeste de Londres por razões estratégicas . A pesquisa científica de ponta estava altamente concentrada em Londres, Oxford e Cambridge. Quase quixotescamente, a área continha um número excedente de palácios reais, que foram colocados a serviço. Por estas razões o setor oeste da cidade é uma área que reflete seu prestígio social da Inglaterra. Neste sentido percebe-se a importância da tradição histórica na aglomeração econômica de um milieu orientado para a inovação. O que aconteceu, no curso de um século e meio, foi que essas aglomerações econômicas se relocaram, de quarteirões altamente concentrados perto da sede do Governo, para um complexo maior e mais disperso, mas altamente ligado ao governo. Durante a década de 70, essas aglomerações tinham um fator adicional: construíram uma massa de trabalhadores especializados e serviços terceirizados, perto de Londres e do aeroporto de Heathrow, atraindo investimentos de empresas multinacionais, como Digital. Eles instalaram, não a produção em larga escala, que se localizou em áreas mais baratas, mas o P&D nos planos nacional e internacional, administração e marketing. Mas por motivos de declínio da economia inglesa e por ser totalmente dependente de contratos governamentais, a região entrou em decadência. O corredor M4, que começou na década de 1960 e só foi finalizado em 1971, não foi o responsável pela decadência de Londres neste setor. Subseqüentemente, o inigualável de conexões internacionais foi primordial em atrair uma migração de empresas multinacionais, ambas da Europa e dos EUA, durante os anos 60 e 70. As decisões políticas tiveram papel relevante no desenvolvimento da área, atraindo investimentos, mas esta decisão não foi intencional. Centros de pesquisa de defesa foram localizados a Oeste de Londres e a área foi abastecida com uma rede internacional de comunicações de alta qualidade. PARIS Paris ancora, de fato, as mais significativas
concentrações de empresas tecnologicamente avançadas
e laboratórios de pesquisa públicos e privados de toda
a Europa, mesmo não sendo reconhecida como renomado centro hihg-tech.
A maioria deles estão localizados nos subúrbios a sudoeste
de da área metropolitana de Paris, perto do Plateau Saclay, uma
área de 50 Km quadrados entre a nova cidade de St Quentin - en
- Yvelines e a antiga cidade Massy, fronteiriças ao norte com
o vale de Bièvre e a sul pelo vale de Yvette. As 15 comunas da
área abrigam 102.000 pessoas; aproximadamente o número
de pessoas que trabalham e estudam nas instituições e
empresas ai localizadas. Na mesma área foram ainda encontrados 43% de todos os laboratórios e institutos de pesquisa científica públicos e privados da França. Em 1991, também, estavam em desenvolvimento quatro parques de alta tecnologia, todos privados, para seletivas empresas de inovação. Pode ser considerado um impressionante cluster de complexos de alta tecnologia, dependente da sinergia desenvolvida na área, e pelos ingredientes ai localizados. A questão é qual é o nível de sinergia gerado. A proposta é organizada em torno a um conceito de troca de funções entre pesquisa, indústria, serviços, e mercados, incluindo o desenvolvimento de espaços administrativos, centro cultural e científico, um sistema de serviços de alto nível, e um permanente mercado de pesquisa, articulado no centro urbano da região com dimensões européias que incluem estações do TGV (Train à Grande Vitesse), dois expressos regionais, estação rodoviária, dois parques, um centro de conferências e comunicações, um centro de educação científica, um instituto de música, e instalações esportivas. O centro de comunicações, organizado ao redor da estação do TGV, foi inaugurado em 1991. O fator de concentração de indústrias de alta tecnologia foi um dos fatores decisivos para o sucesso do complexo. Além da proximidade do aeroporto Vélizy-Villacoublay, usado para testes, e que atraiu a indústria aeronáutica, principalmente para Dessault. Desde a década de 1960, o setor sudoeste de Paris transformou-se em um magneto de centros de pesquisas de alto nível em energia nuclear, eletrônicos, e aviação: o núcleo da indústria francesa de alta tecnologia, diretamente ligado às prioridades dos programas governamentais de defesa e energia nuclear, dois pilares do sonho Gaullista de uma França forte e independente. O terceiro elemento de sucesso que contribuiu para a formação do "tecnopolo" Paris - Sud foi o próprio processo de planejamento Francês e sua influência direta nas decisões de localizar, ou relocar, estabelecimentos de pesquisa e de alta educação. 9.3. TOKYO A região de Keihin, no Japão, que abrange a área metropolitana de Tokyo, e suas prefeituras circunvizinhas de Kanagawa, Saitama e Chiba, é sem dúvida a área da indústria líder de alta tecnologia do globo. Em agudo contraste com seu rival, Silicon Valley, é primordialmente baseada na produção de bens finais de produção para o mercado consumidor, estando isolada das oscilações dos conflitos do mercado internacional. Concentra a quarta parte da força de trabalho japonesa e mais de 25% da produção manufatureira do Japão , sendo a maior região industrial do Japão e uma das maiores do mundo. Sem dúvida, ela é orientada para o consumidor final, em contraste com a maioria das outras regiões metropolitanas, mostrou incrível aumento na capacidade produtiva no meio século logo após a Segunda Grande Guerra, quando suas fábricas estavam em ruínas. Dentro deste coração industrial existe um núcleo mais interno, abrangendo os lados sul e leste de Tokyo, perto da Baia de Tokyo, ao redor da prefeitura de Kanagawa. Com 1.7 milhões de trabalhadores industriais em cerca de 120.000 indústrias, em 1980 Tokyo e Kanagawa juntas obtinham 16,4% de todos os estabelecimentos industriais do Japão, 15,7% dos empregos e 18,7% dos valores de despachos portuários. Na maquinaria eletrônica os resultados são ainda mais surpreendentes; com 332.000 empregados em mais de 10.000 estabelecimentos separados, a área conta com 296% do espaço industrial de todo o Japão, 24,5% dos empregos e 28.7% do valor dos despachos portuários dentro da indústria de alta tecnologia. Mas mais notável é a indústria de eletrônicos, que ocupa 56,2% da área dos estabelecimentos high-tech e 78,8% das remessas de computadores. Além disso a região comparada ao país absorve, 50% dos laboratórios de P&D em engenharia, 37% dos pesquisadores trabalhando em institutos nacionais de engenharia, e 30% das faculdades de engenharia e ciências. Particularmente, 60% dos engenheiros de processamento de informações se encontram aqui. Tokyo - Kanagawa é o coração da moderna indústria japonesa de eletrônicos. Um aspecto crucial para este sucesso,
desde os anos 30, tem estado intimamente ligado ao relacionamento entre
corporações gigantes que conhecemos através de
nossos produtos eletrônicos domésticos, e algumas empresas
terceirizadas. |